A fake news da Oi como a maior provedora de telecomunicações

jul 21, 2020 by

A Oi já se autointitulou como a grande operadora nacional, a grande parceira do Estado para prover banda larga para todos. Chegou a dizer que, em parceria com a Portugal Telecom faria uma revolução tecnológica nas telecomunicações brasileiras. Agora, diz que foca na sua transformação “em maior provedora de infraestrutura de telecomunicações do país”.

Alguém acredita nessa nova fake news?

O descrédito vem desde a privatização, em 1998. Já foram donos da Oi:  1) os especuladores brasileiros que, junto com o governo FHC, armaram um consórcio para não ganhar na privatização e acabaram levando a empresa com apenas 1% de ágio no leilão, o menor de todas as empresas leiloadas; 2) aventureiros portugueses que prometeram alavancar a empresa e terminaram com o presidente, também português, Zeinal Bava fugindo do país; 3) grupos de especuladores norte-americanos, fundos abutres (GoldenTree, York Global, Brokfield, Solus) especializados em comprar ativos de alto risco visando altos retornos. Atuam na compra de títulos de dívidas de devedores quase inadimplentes ou de ações de empresas perto da falência.

É muito oportunista para uma empresa só.

Os mais recentes, fundos abutres norte-americanos, participaram da mágica que transformou boa parte da dívida da empresa em participação acionária. Agora, querem recuperar suas aplicações rapidamente com uma nova mágica, fazendo a dívida da empresa crescer exponencialmente e ser instrumento de especulação no mercado e na Bolsa de Valores.

A Oi está em recuperação judicial desde 29 de junho de 2016. São quatro longos anos. Já está mais do que provada a incompetência dos antigos e dos atuais donos de retirá-la do buraco econômico e financeiro.

Na última semana Vivo, Claro e TIM entraram diretamente no jogo. Querem comprar a parte móvel da Oi e dividi-la entre os três grupos. Lembra da cantilena de privatizar para aumentar a competição e a qualidade? Esquece. O que interessa é, de um lado, esfacelar e vender e, de outro, concentrar ainda mais o mercado. Uma empresa que já foi brasileira será vendida por especuladores americanos para grupos italianos, mexicanos e espanhóis. Não estão nem aí para qualidade e preço.

Vale vender tudo: torres, data centers, a parte móvel e até, pasmem, de 25% a 51% da tal empresa de infraestrutura. Vale também demitir em massa, tanto na Oi quanto na subsidiária Serede. Nessa última, todos os dias são demitidos centenas de trabalhadores.

A empresa que poderia ser a grande referência para inclusão digital no país, serve hoje apenas a interesses sórdidos. Resta aos trabalhadores da Oi e à sociedade civil lutarem para preservar esse patrimônio histórico e fundamental para as telecomunicações do país.

Chega de fake news, inclusive nas telecomunicações.

Instituto Telecom, Terça-feira, 21 de julho de 2020

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