Ecocídio e barreira digital

jun 7, 2022 by

Domingo, 5 de junho, foi o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data surgiu há 50 anos em Estocolmo, Suécia. Tem como objetivo principal chamar a atenção da sociedade para os problemas ambientais e para a importância da preservação dos recursos naturais.

Como afirma o jornalista André Trigueiro, especializado em jornalismo ambiental, “equivoca-se quem acha que meio ambiente é sinônimo de bichinho e floresta”. Não é. O meio ambiente “é o laboratório da vida em que estamos inseridos”. Não somos donos do planeta Terra, mas nunca registramos uma destruição tão implacável, derivada de uma cultura capitalista cada vez mais insustentável.

A floresta amazônica, por exemplo, produz em um dia vapor d’água equivalente a toda água do rio São Francisco. Apesar disso, a destruição da Amazônia é grave. Mais destruição da Amazônia significa mais redução da chuva, mais redução da produção de alimentos, mais redução do Produto Interno Bruto ((PIB). A morte do ecossistema é, também, a nossa morte.

Há outro viés fundamental que deve ser destacado no debate sobre meio ambiente: o saneamento básico. Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), em 2020 quatro bilhões e 200 milhões de pessoas não tinham acesso a tratamento de esgoto. Destas, dois bilhões e 200 milhões não tinham acesso à água. Todos os dias, mais de 800 crianças morrem de doenças como diarreia e outras infecções causadas por falta de saneamento e água contaminada.

O Brasil tem mais de quatro milhões de pessoas sem acesso a um banheiro. No Nordeste do país a situação é ainda mais grave – a falta de rede de esgoto atinge 72% dos cidadãos. No Rio de Janeiro, um dos principais estados do país, enquanto a cidade de Niteroi trata 100% do seu esgoto, Belford Roxo, Caxias, Mesquita não chegam a tratar nem 10%. Para onde vai esse esgoto? Para a Baía de Guanabara. Ela recebe quase quatro milhões e meio de litros de esgoto por dia. Tudo isso demonstra o problema social e ambiental.

Nesse cenário, falar em direito de acesso à banda larga parece supérfluo. Engano. A falta de saneamento básico, a destruição do meio ambiente e a falta de banda larga demonstram que os graves problemas brasileiros têm sido enfrentados de forma equivocada. Como destaca a Unesco, o Brasil é um país que luta com desigualdades extremas, inclusive em termos de ligação de internet de banda larga, com 70% do acesso agrupado em cinco grandes áreas urbanas.

Os últimos três anos de (des)governo federal têm aprofundado nossos problemas. O ataque ao meio ambiente foi incentivado. O Ministério das Comunicações foi extinto e depois recriado e aparelhado por interesses privados, em desacordo com os princípios da moralidade, impessoalidade e legalidade previstos na Constituição Federal. Não há nenhuma política séria de universalização da banda larga.

Lutemos para que o Dia Mundial do Meio Ambiente de 2023 possa ser comemorado, no Brasil, com um Governo Federal e um Congresso novos e progressistas. Que a redemocratização do país nos traga uma nova política para o meio ambiente, para o saneamento básico, para a banda larga. Que os interesses capitalistas do lucro e do mercado não sejam colocados acima da preservação da vida e dos direitos da sociedade.

Instituto Telecom, Terça-feira, 7 de junho de 2022

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