Melanina acentuada, banda larga esvaziada

abr 19, 2022 by

“Como é que a gente deixou chegar a esse ponto? Como é que a gente riu disso?”

“Agora tudo é racismo?”

São algumas perguntas feitas por personagens diferentes do filme Medida Provisória, dirigido por Lázaro Ramos. No filme, todo negro é chamado pejorativamente, pela elite branca, de “cidadão de melanina acentuada”. É um filme sobre racismo, exclusão e a nossa sociedade. E é esse Brasil que devemos discutir profundamente.

Faltam apenas 6 meses para a eleição de deputados federais, senadores, deputados estaduais, governadores, presidente. Muitos racistas e representantes da elite brasileira tentarão se manter no cargo ou se eleger pela primeira vez. Esse projeto reacionário, excludente, racista, que foi recuperado e fortalecido com o golpe de 2016 e as eleições de 2018, precisa ser derrotado.

No campo das telecomunicações não podemos esquecer o projeto elitista que foi aprofundado com a privatização do setor, em 1998. Como estão inseridos os negros, os mais pobres nas telecomunicações brasileiras? Há banda larga nas escolas para esses setores? Há internet nas suas casas? Há políticas públicas para inseri-los?

Os números divulgados a partir da análise da PwC Brasil mostram a realidade brasileira:

1)Há diferenças marcantes entre os extremos das classes por renda (100% na classe A, em comparação com 64% na D/E) e entre negros e não negros.

2) Em termos educacionais, o índice de conexão é maior entre estudantes de escolas privadas, o que acentuou o déficit de ensino durante a crise sanitária. Apenas 8% dos internautas plenamente conectados pertencem às classes D/E.

3) O número de brasileiros plenamente conectados é de 49, 4 milhões concentrados nas regiões Sul e Sudeste, brancos, com celular pós pago, acesso por notebook, escolarizados, classes A e B. Já os 41,8 milhões de brasileiros subconectados estão nas regiões Norte e Nordeste, são negros, usam celular pré-pago, são menos escolarizados e pertencem às classes D e E.

Isso mostra que precisamos lutar intensamente por um projeto democrático onde a palavra inclusão permeie todas as políticas públicas. Chega de racismo, de matança de índios, de misoginia, de feminicídio, de destruição do meio ambiente! Queremos que o Estado foque num desenvolvimento sustentável, com uma perspectiva inclusiva. As telecomunicações têm muito a contribuir para isso, com a banda larga prestada em regime público e para todos.

Instituto Telecom, Terça-feira, 19 de abril de 2022

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