O Sirius das telecomunicações

jul 14, 2020 by

No sábado, 11/07, o Laboratório Nacional de Luz Síncroton (LNLS), de Campinas, anunciou as primeiras imagens do Sirius, o maior acelerador de elétrons do Brasil e um dos mais avançados do mundo. Qual a importância desse feito? O LNLS, responsável pelo projeto Sirius, destacou:  “nesses primeiros experimentos foram radiografadas proteínas do novo coronavírus. A expectativa é que a ferramenta seja cada vez mais empregada para tentar entender o vírus e combater a pandemia. A versatilidade de uma fonte de luz síncrotron permite o desenvolvimento de pesquisas em áreas estratégicas, como energia, alimentação, meio ambiente, saúde, defesa e vários outros”.

Outro grande exemplo de instituição nacional de pesquisa é o Cenpes (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento) da Petrobrás. É um dos mais importantes complexos de pesquisa aplicada do mundo, com laboratórios avançados e salas de simulações e imersão em processos da indústria de energia. Devido ao pioneirismo da Petrobras no campo de exploração de águas profundas, o Cenpes teve vital importância na criação de tecnologia para a descoberta do pré-sal que não estava disponível para ser adquirida em nenhum lugar no mundo. Mesmo com o atual governo tentando destruir a Petrobrás, continuamos a ser uma referência mundial.

E nas telecomunicações?

Estamos vivendo uma nova “guerra fria”, desta vez entre a China e os EUA – a guerra do 5G. Em todo o mundo há um investimento pesado em pesquisa e desenvolvimento. Os EUA, por exemplo, tentam sabotar a Huawei, a operadora chinesa que é líder global em soluções de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC).

O Brasil, infelizmente, fez uma escolha equivocada com a privatização do setor de telecomunicações, em 1998. Naquela ocasião, tínhamos o único centro de pesquisa fora do eixo Europa, Japão, EUA: o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Telebrás (CPqD). Com o CPqD obtivemos o controle da tecnologia da fibra ótica, de centrais eletrônicas. Exportávamos o cartão indutivo para telefone público para a China – repetimos: para a China!!! Era um verdadeiro Sirius das telecomunicações. Mas abrimos mão de disputarmos essa estratégica área do conhecimento.

Nesse cenário mundial, apesar de toda conjuntura contrária em nosso país, precisamos exigir que haja investimento em conhecimento, fortalecimento das universidades públicas em relação às telecomunicações/tecnologia da informação. Exigir que as operadoras de telecomunicações no Brasil não se apropriem apenas dos lucros para seus acionistas, e, sim, garantam investimento em capacitação, em conhecimento, em pesquisa.

Instituto Telecom, Terça-feira, 14 de julho de 2020

 

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