Os mistérios nas operações do BTG Pactual

nov 2, 2021 by

Recentemente, o presidente do BTG Pactual, André Esteves, ao falar sobre sua relação próxima com os presidentes da Câmara, Artur Lira, e do Banco Central, Roberto Campos Neto chamou-os de “parceiros”. Ao que tudo indica, parceria é mesmo a palavra adequada.

Vejamos.

Em julho de 2020 o BTG comprou a carteira de créditos do Banco do Brasil. Pagou R$ 377 milhões quando a carteira tem valor contábil de R$ 2,9 bilhões. Ou seja: o banco de André Esteves, do qual Paulo Guedes foi um dos fundadores, pagou apenas 12% pela carteira. Não parece uma operação entre parceiros?

Sobre essa venda, a economista Érika Gallo, especialista em Economia Monetária e Financeira e doutoranda do Instituto de Economia da Unicamp, afirma: “A gente não sabe qual é a composição dessa carteira. Ele [Banco do Brasil] só falou que a maior parte é de título podre, mas a maior parte quanto? Quem são os devedores? Não está aberta essa informação ao público. Então, não sabemos até que ponto é difícil de receber, porque uma coisa é você vender uma carteira de títulos de pessoa física – a pessoa perdeu o emprego, até arranjar outro vai demorar -, outra coisa é ter título de crédito de empresa, que é relativamente ok”. Esse aparente mistério precisa ser investigado e esclarecido.

Em julho de 2021, o mesmo BTG adquiriu o controle de 60% das ações da chamada InfraCo, V.Tal, empresa de fibra ótica da Oi. Coincidentemente ou não, o BTG Pactual foi o único grupo que apareceu para comprar a parte mais importante da Oi. Por que ninguém mais teve interesse? O que está por trás dessa compra? É interessante perceber como se articulam os interesses dos fundos abutres com os do banqueiro André Esteves. Intrigante, não?

Os trabalhadores, por outro lado, estão pagando a conta. Em 2020 foram 1000 trabalhadores demitidos. Em 2021, até aqui o número supera os 800 trabalhadores. Na Serede (subsidiária da Oi), desde 2019 foram cerca de 8.000 demissões.

O governo federal, os fundos abutres norte-americanos donos da Oi (Solus, Brokfield, GoldenTree, York Global) e o BTG Pactual têm muito a explicar. Ambos os processos têm que ser investigados e elucidados. A sociedade brasileira tem direito e quer saber.

Instituto Telecom, Terça-feira, 2 de novembro de 2021

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