Nossa Opinião: Pedros, abutres e a Oi

set 8, 2020 by

Nossa Opinião: Pedros, abutres e a Oi

“O mais famoso quadro sobre a Independência do Brasil foi concluído apenas nos anos de Pedro II, no ocaso do Império brasileiro: em 1888. Vivendo um momento de crise, o monarca buscou recuperar a magnitude do ato da emancipação e a figura do pai, Pedro I, encomendando a Pedro Américo uma cena engrandecedora”, conta o livro Brasil: uma biografia, de Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling.

Pedro Américo pintou um quadro no qual nada corresponde à realidade. As roupas de Pedro I e da corte não eram luxuosas como retratadas, a quantidade de gente foi demasiadamente aumentada, o riacho Ipiranga foi aproximado. Tudo foi inspirado/copiado num quadro europeu pintado por Ernest Meissonier em homenagem a Napoleão Bonaparte.

O que isso tem a ver com a Oi?

Muito. Acontece hoje, dia 8, a  Assembleia Geral de Credores que votará o projeto que os grupos de especuladores norte-americanos (GoldenTree, York Global, Brokfield, Solus),  donos/abutres da empresa, têm pintado como um projeto de salvação.

Na verdade, em muitos países propostas de criação de empresas de infraestrutura de fibra ótica têm sido encaminhadas e o ponto de partida são empresas mais tradicionais que prestam serviços de telecomunicações. Será o caso da Oi? Não.

 O objetivo dos grupos abutres é única e exclusivamente colocar dinheiro no bolso. Por isso, tudo está à venda – a parte móvel, torres, data centers e, até, de 25% a 51% da tal empresa de infraestrutura, InfraCo.

Os fundos abutres dizem que vão criar uma empresa de infraestrutura de fibra ótica, mas poderão vender até 51% da mesma. Como no quadro de Pedro Américo, não corresponde à realidade e, sim, trata-se de uma cópia do que ocorre em outros países para seduzir os incautos.

Ao final, se for aprovado o projeto dos especuladores norte-americanos, teremos o esfacelamento da Oi, destruição de milhares de postos de trabalho com demissões diretas na Oi e na subsidiária Serede, inviabilização de qualquer política pública de universalização da banda larga no Brasil.

Instituto Telecom, Terça-feira, 8 de setembro de 2020

 

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  1. João de Moura Neto

    Bom dia,

    Concordo inteiramente com a avaliação. Hoje é um dia marcado por uma vergonhosa decisão de acelerar o processo de oligopolização das telecomunicações no Brasil. Assim como a história do Brasil é uma fantasia, uma farsa do grito retumbante de independência,também é uma farsa defender o esquartejamento da Oi como forma de recuperar a empresa. Nos poupem dessa falácia, estão alcançando por meios transversos o que tentaram sem exito em 2016 na assembleia que deliberou pela recuperação judicial mantendo a convergência dos serviços. De fato os abutres fazem a festa sobre a carcaça da empresa de maior capilaridade no brasil, aquela que está onde existe o interesse social. O que restará da OI? as lamentações e a impunidade pelos desmandos ocorridos desde a privatização até a implementação do combinado entre os credores investidores que assumiram a gestão da empresa, liquidar a concorrência sem se preocupar com qualidade e muito menos com os empregos assassinados em tempo de pandemia. Bem ao estilo do atual governo, os gestores da Oi promoverão o sepultamento do sonho do grande player nacional.

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