Sem banheiro, sem banda larga

nov 24, 2020 by

No Brasil, 19 de novembro é o Dia da Bandeira. O que muita gente não sabe é que também é o Dia do Banheiro. Parece engraçado, mas não é. Em 2013 a Organização das Nações Unidas instituiu esse dia para destacar que boa parcela da população mundial não tem acesso a saneamento básico e há necessidade de políticas públicas para enfrentar esse grave problema. Segundo a ONU, 4 bilhões e 200 milhões de pessoas não têm acesso a tratamento de esgoto, sendo que 2,2 bilhões não têm acesso a água.

 

O acesso ao saneamento básico, reafirma a ONU, “é um direito de todos, assim como água limpa e lavagem de mãos para ajudar a proteger e a manter a saúde e a acabar com a propagação de doenças infecciosas como a Covid-19, cólera e a febre tifoide… Todos os dias, mais de 800 crianças morrem de doenças como diarreia e outras infecções causadas por falta de saneamento e água contaminada”.

O Brasil tem mais de quatro milhões de pessoas sem acesso a um banheiro. No Nordeste do país a situação é ainda mais grave – a falta de rede de esgoto atinge 72% dos cidadãos.

Num cenário desses, falar em direito de acesso à banda larga parece supérfluo. Engano. A falta de saneamento básico e a falta de banda larga demonstram que, historicamente, os graves problemas brasileiros têm sido enfrentados de forma equivocada. Como destaca a Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), “o Brasil é um país que luta com desigualdades extremas, inclusive em termos de ligação de internet de banda larga, com 70% do acesso agrupado em cinco grandes áreas urbanas.”

Os dados da pesquisa TIC Domicílios do IBGE, 2018, dão ideia do tamanho do fosso digital que existe em nosso país. Entre os indivíduos das classes A (92%) e B (91%), o uso de Internet era quase universal, ao passo que entre os indivíduos das classes D e E, a parcela de usuários de Internet ainda era inferior à metade (48%).

Na banda larga, o equívoco principal tem ligação com a privatização do setor. Enquanto a liberdade total do mercado for defendida como solução para os problemas brasileiros, aprofundaremos ainda mais as desigualdades sociais.

Continuaremos na luta por mais cidadania, menos mercado e mais políticas públicas.

Instituto Telecom, Terça-feira, 24 de novembro de 2020

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