A Inteligência Artificial para que o som do amor possa chegar
Nos dias 28, 29 e 30 de novembro de 2024 aconteceu a 3ª edição do Festival do Livro, no Sinttel Rio. Foi um sucesso com debates, lançamento de livros, autógrafos, atividades culturais, o concurso Ler para Crer.
Mas por que falamos em IA e amor?
O título remete a uma poesia de Noêmia Duque, lida e cantada no FLIV – Quando o som do amor chegar.
Superando a ignorância e o ódio, o FLIV veio para tornar o som do amor mais alto, mais assimilado na cabeça e no espírito de cada um de nós. Uma reflexão, como diz o ilustrador Alexandre Bersot, sobre a transformação de episódio em “episamor”.
É o som que o Mercado não quer ou não se interessa em ouvir. É o som que a sociedade civil tem que produzir. É o som que o Instituto Telecom e a Coalizão Direitos na Rede(CDR) estão fazendo sobre a regulação da Inteligência Artificial (IA).
Esse som tem que chegar aos ouvidos do Congresso Nacional e do presidente Lula. Tem que permear a regulação do Projeto de Lei 2338, da Inteligência Artificial. Não dá para aceitar as restrições que as big techs (Apple, Amazon, Facebook, Whatsapp, Instagram) tentam colocar no PL 2338. Restrições que só interessam aos donos do capital, em detrimento da maior parte da sociedade.
Como afirma a CDR, temos que aprovar o PL 2338 na Comissão Temporária sobre Inteligência Artificial e no Plenário do Senado Federal, mas o Projeto de Lei tem que refletir uma IA responsável, que proteja direitos humanos e reduza riscos para a sociedade brasileira. “Retrocessos e novas ameaças ao texto podem tornar a lei inócua e limitada a poucos tipos de sistemas de IA”, alerta a Coalizão. Que diz ainda:
“Um retrocesso grave também foi notado no artigo sobre proteção aos trabalhadores. Foram retirados quatro incisos que tratam de temas fundamentais. Especialmente, foram excluídas regras que garantiam a ‘supervisão humana em decisões automatizadas de punições disciplinares e dispensa’ e coibiam a ‘demissão em massa ou substituição extensiva da força de trabalho’. As mudanças acabam com mecanismos fundamentais para proteger trabalhadores dos efeitos negativos da introdução de sistemas de IA.”
É urgente e necessário que voltemos a discutir a formação, a cultura, a comunicação, a ciência, a tecnologia para que não percamos mais essa oportunidade trazida com a IA. Exatamente como fizeram os palestrantes e participantes do Festival do Livro. A Inteligência Artificial poderá ser mais um fator que acentue a exclusão, ou uma oportunidade para debatermos a democratização da informação. A Inteligência Artificial a serviço da sociedade, e não mais uma forma de aumentar o lucro dos capitalistas.
O som do amor só chegará se a IA for assimilada como solidariedade, como luta por uma sociedade mais democrática, menos desigual, de mais inclusão social e digital. Sem fake news.
Instituto Telecom, Terça-feira, 3 de dezembro de 2024.
Marcello Miranda, especialista em Telecom