Um viva à Soberana e redenção para o 5G

mar 9, 2021 by

Cuba vive sob embargo dos EUA desde 1962. Mesmo sob o cerco da mais poderosa nação do planeta, Cuba investiu no que era essencial ao povo. Saúde e Educação. Em 1980 começou a produzir suas próprias vacinas. Hoje, 80% das vacinas existentes na ilha são fabricadas no país.

Desde o início da pandemia, cientistas cubanos desenvolvem quatro candidatas à vacina contra o novo coronavírus: Soberana 1, Soberana 2, Abdala (aguarda autorização para avançar à fase 3) e Mambisa (fase 1).

No dia 4 de março a Soberana 2 entrou na fase 3. Será a primeira vacina contra a Covid-19 concebida e produzida na América Latina.

Enquanto Cuba avança no rumo da ciência e da tecnologia, nós amargamos retrocessos. Um governo genocida e negacionista que, após mais de 250 mil pessoas morrerem, fala de mimimi. Mas não é só nessa área essencial que o governo, respaldado por uma elite presa aos valores neoliberais, vem levando o país para o abismo.

Manifesto assinado por 11 ex-ministros de Ciência, Tecnologia e Inovações (José Goldemberg, José Israel Vargas, Luiz Carlos Bresser Pereira, Ronaldo Sardenberg, Roberto Amaral, Sergio Machado Rezende, Aloizio Mercadante, Marco Antonio Raupp, Clélio Campolina, Aldo Rebelo, Celso Pansera) denuncia:

“A proposta orçamentária para 2021 revela a face do atual governo, com decréscimo dos investimentos públicos de R$ 75 bilhões em 2014 para R$ 25,1 bi (a preços de 2020). O CNPq (Conselho Nacional de Pesquisas/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), com recursos que diminuem a cada ano, terá apenas R$ 22 milhões para fomento à pesquisa em todo o país em 2021, além de uma redução de 10% nos programas para bolsas. As universidades e institutos federais acumulam uma queda progressiva em seus recursos discricionários nos últimos anos”.

E uma das oportunidades que está sendo perdida diz respeito ao leilão do 5G. Não há, no edital elaborado pela Anatel com a complacência do governo federal e das grandes operadoras de telecomunicações, nenhum fator para fomentar a pesquisa e o desenvolvimento de equipamentos e sistemas capazes de impulsionar uma cadeia produtiva nacional,  de modo a estabelecer as bases para o domínio dessa nova tecnologia. Como afirmam os ex-ministros “sem ciência não há inovação. Sem inovação não há desenvolvimento”.

Apesar disso tudo, não devemos desanimar. Temos que lutar por uma política que coloque os seres humanos como o ponto mais importante da sociedade, e não os interesses dos donos do mercado. Como afirma o historiador Perry Anderson, “historicamente, o momento de virada de uma onda é uma surpresa”. Ou seja, o neoliberalismo, com suas tragédias e seus cúmplices, pode ter uma derrocada muito antes do que espera.

Festejemos a Soberana e que se redima o 5G.

Instituto Telecom, Terça-feira, 9 de março de 2021

 

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