V.tal e Serede chegam em último dia de contrato sob impasse
O impasse entre a V.tal e a Serede (subsidiária da Oi para serviços de campo) deve persistir até o último dia do contrato de prestação de serviços entre as empresas, que expira nesta terça-feira, 30. Na segunda-feira, 29, terminou em insucesso uma nova tentativa de mediação para definir o futuro de cerca de 2,5 mil terceirizados da Serede que atendem a V.tal.
A mediação pré-processual no Tribunal Superior do Trabalho (TST) deve ser retomada nesta terça. A data é considerada limite pelas federações sindicais que representam os cerca de 2,5 mil trabalhadores envolvidos na disputa, e que vivem incerteza quanto ao recebimento de salários, verbas rescisórias e recontratação por novas empresas.
V.tal pede tutela de urgência. Federação Livre apoia
Na última sexta-feira, 26, a V.tal protocolou na 8ª Vara do Trabalho de Brasília um pedido de tutela de urgência solicitando que valores depositados em juízo pela própria companhia sejam parcialmente liberados para o pagamento de salários líquidos e verbas rescisórias dos funcionários terceirizados.
Uma das três federações sindicais que têm atuado na discussão – a Federação Livre – apoiou o pedido de tutela de urgência realizado pela V.tal. As outras duas (Fenattel e Fitratelp) não apoiam o pedido, por considerarem uma questão contratual entre V.tal e Oi/Serede.
Recapitulando, a V.tal anunciou na última semana que arcaria com direitos trabalhistas de funcionários da Serede após o fim do contrato com a mesma. A operadora, contudo, quer realizar o pagamento com valores já devidos à parceira e de forma “direta”, sem passar pelo caixa da Oi. Para tal, a empresa efetuou um depósito judicial de R$ 56 milhões.
Agora, com o pedido de tutela de urgência, a V.tal pede “a liberação de parte dos valores depositados, com a finalidade exclusiva de pagamento da folha de setembro antes do quinto dia útil de outubro, garantindo que os trabalhadores recebam seus salários no prazo devido”, informou nota da empresa enviada ao TELETIME no sábado, 27.
A Federação Livre também comentou o pedido de tutela de urgência em comunicado aos associados. Ela indicou o pleito para que a Serede seja intimada a informar o valor exato da folha de pagamento de setembro dos funcionários envolvidos. Dessa forma, um pagamento direto poderia ser operacionalizado.
A dinâmica é vista com cautela por demais federações. “Esta consignação [seria] só para pagar o salário do mês. Defendemos o pagamento do salário e benefícios, o pagamento da rescisão dos trabalhadores de acordo com a lei e a contratação dos ex-trabalhadores da Serede pelas empresas contratadas pela V.tal nos estados”, resumiu um dirigente ao TELETIME.
Já caso os valores em juízo sejam liberados em favor da Serede, o pedido da V.tal apoiado pela Livre solicita que isso seja feito sob supervisão das federações sindicais e do Ministério Público do Trabalho, como forma de garantir a destinação das cifras exclusivamente ao pagamento de salários líquidos e verbas rescisórias.
Impacto no caixa da Serede
Em comunicado aos seus funcionários, a Serede voltou a criticar o depósito judicial da V.tal: ele foi classificado visto como uma “medida arbitrária” que envolve faturas de serviços já regularmente prestados e que estaria trazendo “dificuldade imensa” para a prestadora honrar compromissos com colaboradores.
“Apesar deste impacto enorme no fluxo de caixa da Cia, a Serede buscou exaustivamente renegociar uma série de obrigações, o que permitiu, neste momento, honrar o compromisso de pagar o tíquete refeição/alimentação no dia 1º de outubro, mantendo o fornecimento do benefício em dia, como sempre fez”, prometeu a subsidiária da Oi, em comunicado visto por TELETIME.
Entre as federações sindicais, também há expectativa que a partir desta terça-feira a Serede comece a emitir os avisos prévios dos funcionários que serão desligados, visto que o contrato de prestação à V.tal não deve ser prorrogado.
Há ainda indicação que ações de mobilização devem ser promovidas caso uma saída ao impasse não seja encontrada em tempo hábil, indicou uma das federações sindicais ouvidas.
A prestação de serviços pela Serede à V.tal envolve 2,5 mil funcionários. A subsidiária da Oi deve manter cerca de 700 trabalhadores, enquanto outros 1,8 mil trabalhadores devem ser demitidos. Há promessa que cerca de mil destes profissionais desligados sejam reintegrados nas cinco novas prestadoras de serviço da V.tal.
“A V.tal informa ainda que já contratou novas prestadoras (PSRs) por meio de processo competitivo, com base nos melhores preços e qualidade de serviços. Os contratos com as novas PSRs se iniciam em 1º de outubro, assegurando a continuidade dos serviços sem impacto aos clientes”, informou a empresa ao TELETIME, no sábado.
Henrique Julião, Teletime, 29 de setembro de 2025