Mais de 100 milhões de brasileiros não acessam à Internet

dez 13, 2009 by

Às vésperas de o Governo Lula definir o Plano Nacional de Banda Larga, o IBGE divulgou nesta sexta-feira, 11/12, o suplemento da Pesquisa Nacional por Amostr de Domicílios – PNAD 2008 – onde se constata, mais uma vez, que o acesso à Internet ainda está distante de boa parte da população brasileira. Há uma grande desequilibrio regional e muito por fazer.

Segundo o estudo, em três anos, o percentual de brasileiros de dez anos ou mais de idade que acessaram ao menos uma vez a Internet pelo computador aumentou 75,3%, passando de 20,9% para 34,8% das pessoas nessa faixa etária, ou 56 milhões de usuários, em 2008.

O levantamento apura ainda que os mais jovens acessam mais a Rede mundial de computadores, assim como os mais escolarizados – embora, entre 2005 e 2008, o acesso tenha crescido mais entre aqueles com menos anos de estudo. As diferenças regionais no uso da Internet permanecem, sendo que o percentual de usuários era menor no Norte (27,5%) e Nordeste (25,1%) e maior no Sudeste (40,3%), Centro-Oeste (39,4%) e Sul (38,7%).

Dos que acessaram a Internet no domicílio em 2008, 80,3% o fizeram somente através de banda larga; 18,0% unicamente por conexão discada e 1,7% através das duas formas. Em relação a 2005, o aumento da conexão por banda larga foi bastante expressivo: naquele ano o percentual havia sido de 41,2%.

Regionalmente, a conexão por banda larga também foi disseminada e passou a ser a principal forma de acesso, com destaque para o Centro-Oeste, onde 93,4% das pessoas a usavam – contra 57,1% em 2005. Por outro lado, a região Norte foi a que apresentou a menor proporção de pessoas acessando a Internet somente por banda larga (70,4% contra 40,5% em 2005).

Mas há dados preocupantes. Segundo a Pnad 2008, 104,7 milhões de pessoas com dez anos ou mais de idade não utilizaram a Internet nos três meses anteriores à data da entrevista, ou seja, 65,2% do total. Os motivos de não utilização foram concentrados em três: não achavam necessário ou não queriam (32,8%); não sabiam utilizar a Internet (31,6%) e não tinham acesso a computador (30,0%) – sendo que no Norte e no Nordeste, o motivo mais citado foi não saber utilizar a Internet (38,7% e 40,1% respectivamente).

A proporção de pessoas que disseram não acessar a Internet porque não tinham acesso a computador (30,0%) reduziu em relação à pesquisa de 2005 (37,2%), bem como o motivo custo elevado do computador (9,1% em 2005 e 1,7% em 2008).

Já o percentual de pessoas que não usavam a Internet porque não achavam necessário ou não queriam foi o que mais aumentou (de 20,9%, em 2005 para 32,8%, em 2008). Cresceu também o percentual de pessoas cujo motivo declarado foi não saber utilizar a Internet (de 20,6%, em 2005 para 31,6%, em 2008).

Alagoas (48,3%), Rondônia (43,5%) e Acre (47,5%) tiveram os maiores percentuais de pessoas que não utilizaram a Internet porque não tinham acesso a computador. Já no Rio de Janeiro o principal motivo foi não achar necessário ou não querer (45,1%).

Os que não acessaram a Internet porque não achavam necessário ou não queriam e os que não sabiam utilizar a Internet apresentavam idades médias mais elevadas (44,1 e 45,2 anos, respectivamente) do que aqueles que alegaram os demais motivos. Os estudantes que não utilizaram a rede apresentaram como principal motivo não ter acesso a computador (46,9%).

O local de onde mais se acessava a Internet continuava sendo, em 2008, o próprio domicílio, mas em segundo lugar vinham os centros públicos de acesso pago – ou lan houses -, que superaram o local de trabalho (segundo local de acesso em 2005).

Comunicação é o maior motivo de acesso à Internet

Também houve mudança no principal motivo que leva as pessoas a usarem a Internet: 83,2% acessaram a Rede em 2008 principalmente para se comunicar com outras pessoas – em 2005, o principal motivo era educação ou aprendizado, que caiu para o terceiro lugar em 2008. Nesses três anos, o acesso à Internet por conexão de banda larga duplicou, mas, em 2008, 32,8% dos que não acessaram a Rede ainda diziam que não queriam ou não achavam necessário usá-la.

Em 2008, 56 milhões de pessoas de dez anos ou mais de idade acessaram a Internet pelo menos uma vez, por meio de um computador, contingente que representava 34,8% dessa população e mostrou um aumento expressivo nos últimos três anos – em 2005, o percentual era de 20,9%. O aumento no acesso à Internet se deu tanto para os homens (de 21,9% em 2005 para 35,8% em 2008) quanto para as mulheres (de 20,1% para 33,9%).

As regiões Sudeste (40,3%), Centro-Oeste (39,4%) e Sul (38,7%) registravam os maiores percentuais de usuários, e as regiões Norte (27,5%) e Nordeste (25,1%), os menores. Entre as unidades da federação, Distrito Federal (56,1%), São Paulo (43,9%) e Rio de Janeiro (40,9%) tinham os maiores percentuais de pessoas que acessaram a Internet; enquanto Alagoas (17,8%), Piauí (20,2%) e Maranhão (20,2%) apresentaram os menores percentuais.

A utilização da Internet era, em 2008, maior entre os mais jovens. O grupo de 15 a 17 anos de idade registrou o maior percentual (62,9%) de pessoas que acessaram a rede e, além disso, teve o maior aumento em relação a 2005 (quando era de 33,7%). A partir dessa faixa etária, o percentual de usuários diminuía com a idade, chegando a 11,2% das pessoas de 50 anos ou mais.

Esse grupo representava, em 2008, 24,8% da população total, mas correspondia a apenas 8,0% do total dos que tinham acessado a Internet. A proporção de pessoas que acessaram a Internet no grupo de 10 a 14 anos de idade (51,1%) ficou acima das percentagens de usuários em todas as faixas etárias a partir de 25 anos, em todas as regiões.

Os usuários da Internet eram mais escolarizados (10 anos de estudo em média) que aqueles que não a utilizavam (5,5 anos de estudo), e a proporção de pessoas que acessavam era maior quanto maior era a escolaridade.

Entre aqueles com 15 anos ou mais de estudo, o percentual de usuários da rede era de 80,4%; entre os com 11 a 14 anos de estudo, 57,8%; com 8 a 10 anos de estudo, 38,7%; com 4 a 7 anos de estudo, 23,4%; e entre as pessoas sem instrução ou com menos de 4 anos, 7,2%. Em todos os níveis de escolaridade, foi observado aumento do acesso em relação a 2005, mas o crescimento foi mais intenso na população com menos escolaridade.

A proporção de pessoas com acesso à Internet também crescia conforme avançavam as classes de rendimento mensal domiciliar per capita. Na faixa de mais de 5 salários mínimos, 75,6% acessavam a Internet, enquanto na faixa dos sem rendimento a ¼ do salário mínimo, o percentual era de 13,0%. Esse comportamento foi observado em todas as regiões, sendo que no Norte e no Nordeste a diferença entre as proporções de usuários das faixas mais baixa e mais alta de rendimento era maior.

Entre 2005 e 2008, a proporção da população de estudantes que utilizaram a Internet no período de referência cresceu de 35,7% para 60,7%. Entre os não estudantes também houve aumento, porém menor (de 15,9% para 26,6%), o que tem a ver com o perfil etário das duas populações.

As pessoas ocupadas também tiveram maior acesso (36,0%) que as não ocupadas (33,2%), mas a diferença entre os dois grupos era menor, mostrando que o acesso à Internet estava mais relacionado à condição de estudante do que com a situação na ocupação.

 

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