Para combater a exclusão escolar

jun 22, 2021 by

No dia 15 de junho o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) lançou o estudo “Acesso à internet residencial dos estudantes”, que revela como a migração forçada para o estudo online, em função da pandemia, escancarou as desigualdades socioeconômicas e regionais e o abismo digital existente do Brasil.

O estudo, que faz parte de um trabalho maior intitulado “Desafios para a universalização da internet no Brasil”, trata de questões fundamentais sobre essa migração. Dentre elas:

1)  Desenvolvimento estratégico da educação – “Em casa, muitos responsáveis viram-se sem equipamentos e internet para que os estudantes conseguissem acompanhar as aulas, resultado direto de políticas públicas que, ao longo dos anos, ignoraram o fato de a conexão à internet ser item básico para o desenvolvimento estratégico da educação e o futuro digital do país”.

2) Acessos e dispositivos – “A grande desigualdade não apenas no acesso à internet, como também nos tipos de dispositivos usados pelos estudantes para realizar suas atividades na internet”.

3) Além da escola – “Não se trata de conectar escolas à internet, mas de garantir acesso à internet de qualidade, estável e por meio de equipamentos de uso individual adequados para todos os estudantes”.

4) Internet livre e aberta – “É evidente que o acesso à internet livre e aberta é, independentemente das atividades estritamente escolares, fundamental para o acesso pleno ao conhecimento e para o desenvolvimento de diversas habilidades relevantes no mundo atual”.

5) Exclusão digital – ” Apesar do avanço significativo no número de usuários de internet nos últimos anos, um quarto da população brasileira acima de 10 anos ainda permanece desconectada. Entre os cerca de 47 milhões de brasileiros desconectados, 45 milhões (95%) estão nas classes C e D/E”.

6) Falta conectividade- “O reflexo dessa falta de conectividade sobre os estudantes da Educação Básica foi estimado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada): aproximadamente 6 milhões de alunos vivem completamente sem acesso à internet banda larga ou móvel em casa, sendo 4,2 milhões no Ensino Fundamental”.

7) Os limites do celular – ” Apesar de serem úteis em casos extremos, celulares limitam as possibilidades pedagógicas de produção de conteúdo, pesquisas acadêmicas e uso autônomo para aprendizado, tanto do professor quanto do aluno. (…) Enquanto na classe A apenas 11% relatam usar a internet exclusivamente por celular, nas classes D e E esse número é de 85% dos usuários”.

8) Lei 14.172 (consequência do Projeto de Lei 3.477) – “Prevê um volume de recursos nunca antes mobilizados por nenhuma outra política de telecomunicações voltada para educação no Brasil. Apesar do histórico de ineficiência do governo federal em executar políticas semelhantes, a aprovação de recursos desta ordem é uma das esperanças para acelerar políticas de telecomunicação para toda a educação pública brasileira e dar uma guinada em como as tecnologias se incorporam à vida dos estudantes”.

O trabalho, muito bem executado, demonstra ainda a falta de continuidade entre as políticas de conectividade estudantil de 1997 até os dias atuais.

Para o Instituto Telecom o trabalho é essencial num debate mais aprofundado sobre como garantir o acesso real dos estudantes e professores à internet na escola e nas suas residências. Vamos combater a exclusão escolar, combatendo a exclusão digital.

Acesse o trabalho em: https://idec.org.br/arquivos/pesquisas-acesso-internet/idec_pesquisa-acesso-internet_acesso-a-internet-residencial-dos-estudantes.pdf

Instituto Telecom, Terça-feira, 22 de junho de 2021

 

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