Vazamento no Twitter gera conflito no governo

Por conta desse vazamento, nos dias 03 e 04 de fevereiro, as ações da Telebras (preferenciais, com direito a voto) totalizaram um volume de negócios na Bovespa da ordem de R$ 596 milhões. Na quarta-feira, 03, o volume negociado no mercado à vista foi de R$ 224,3 milhões. Nesta quinta, 04, as ações preferenciais chegaram ao patamar de R$ 372,4 milhões. Manteve-se na quarta colocação entre as ações mais negociadas hoje.
Isso, entretanto, não muda os planos do governo de reativar a Telebrás. Internamente a discussão sobre o tema já foi pacificada, falta apenas o anúncio oficial. O problema foi que tal assunto, vazado como foi, gerou um conflito para o governo. Como a Telebrás tem ações na Bovespa, nenhuma informação pode ser prestada ao público sem antes a companhia emitir um fato relevante ao mercado acionista. É regra que vale para qualquer Sociedade Anônima, e a Telebrás não está acima dela, mesmo não compondo o Ibovespa.
O presidente Lula – que não autorizou ninguém a transmitir a reunião pelo Twitter – embora seja plenamente à favor da reativação da estatal, não está acima desta regra que rege o comportamento das empresas no mercado financeiro.
Lula ficou exposto publicamente. Correu o risco de passar pelo constrangimento de ter de responder pela especulação de acionistas da Telebrás -que ainda vem ocorrendo após suas declaraçlões terem parado no Twitter – junto à Comissão de Valores Mobiliários. O autor das informações referentes à Lula foi o representante da Associação Software Livre.org, Marcelo Branco.
Mas o assunto é polemico. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, por exemplo, defendeu publicamente o representante da ONG. Disse que Marcelo Branco teria sido autorizado a usar o Twitter para publicar os detalhes daquilo que estava sendo discutido na reunião. O Coordenador de Inclusão Digital, Cezar Alvarez, entretanto, declarou ao portal Convergência Digital, que essa autorização foi apenas para que Marcelo Branco tirasse fotos do encontro.
Independentemente da confusão, o fato é que, hoje, o governo teve de ser mais cauteloso com o divulgado na imprensa. Cezar Alvarez deixou isso claro ao participar do Seminário Política de (Tele)comunicações da Converge Eventos (revista Teletime), onde debateu o tema: “Modelos possíveis para uma sociedade banda larga”.
Durante entrevista com a imprensa, que foi gravada pela CDTV, Alvarez manteve a Telebrás no horizonte das possibilidades de ser a gestora de rede pública de banda larga, mas deixou claro que tal assunto não pode ser tratado em público, porque o governo tem a responsabilidade com o comportamento das ações da companhia na Bovespa.