Banda larga: “Estado tem que ter capacidade de barganhar”, diz Lula.

fev 22, 2010 by

LulaEm longa entrevista publicada hoje pelo jornal O Estado de S. Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi questionado sobre diversos assuntos, da campanha eleitoral e de sua sucessão à intervenção do Estado na economia.

Sobre a reativação da Telebrás, ele disse que isso pode vir a ocorrer se a iniciativa privada não puder oferecer banda larga às regiões mais longínquas a preço justo. Insistiu que o Estado tem que ter poder de barganha e afirmou que, em 15 dias, o Plano Nacional de Banda Larga estará definido em seus contornos básicos.

A seguir, os trechos da entrevista que tratam da banda larga:

P – Por que é preciso ressuscitar empresas estatais para fazer programas como a universalização da banda larga? O governo toca o Luz Para Todos com uma política pública que contrata serviços junto às distribuidoras e não ressuscita a Eletrobrás.
R – Mas nós estamos ressuscitando a Eletrobrás. O Luz Para Todos só deu certo porque o Estado assumiu. As empresas privadas executam sob a supervisão do governo, que é quem paga.

P – Não pode fazer a mesma coisa com a banda larga?
R – Pode. Não temos nenhum problema com a empresa privada que cumpre as metas. Mas tem empresa privada que faz menos do que deveria. Então, eu quero, sim, criar uma megaempresa de energia no País. Quero empresa que seja multinacional, que tenha capacidade de assumir empréstimos lá fora, de fazer obras lá fora e fazer aqui dentro. Se a gente não tiver uma empresa que tenha cacife de dizer “se vocês não forem, eu vou”, a gente fica refém das manipulações das pouca s empresas que querem disputar o mercado. Então, nós queremos uma Eletrobrás forte, para construir parceria com outras empresas. Não queremos ser donos de nada.

P – A banda larga precisa de uma Telebrás?
R – Se as empresas privadas que estão no mercado puderem oferecer banda larga de qualidade nos lugares mais longínquos, a preço acessível, por que não?

P – Mas precisa de uma Telebrás?
R – Depende. O governo só vai conseguir fazer uma proposta para a sociedade se tiver um instrumento. Não quero uma nova Telebrás com 3 ou 4 mil funcionários. Quero uma empresa enxuta, que possa propor projetos para o governo. Nosso programa está quase fechado, mais uns 15 dias e posso dizer que tenho um programa de banda larga. Vou chamar todos e quero saber quem vai colocar a última milha ao preço mais baixo. Quem fizer, ganha; quem não fizer, tá fora. Para isso o Estado tem de ter capacidade de barganhar.

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