A tortura de Prometeu na Oi
Na mitologia grega, Prometeu foi capturado por ordem de Zeus por ter se colocado ao lado da humanidade e destruído para sempre a subserviência dos humanos. Como castigo, foi acorrentado a um penhasco e todo dia um abutre o bicava e comia seu fígado. À noite, o fígado se reconstituía e, na manhã seguinte, era novamente bicado e comido pelos abutres.
Na Oi, a tortura sofrida por Prometeu se repete. Os grupos abutres, donos da Oi, vêm dando, sistematicamente, bicadas de morte na empresa, na sociedade e nos trabalhadores.
1) Bicada na empresa
No final de 2017, a Oi tinha uma dívida de cerca de R$ 42 bilhões com os credores privados. Essa dívida foi quase toda transformada em controle acionário por grupos de credores/especuladores de fundos americanos – fundos abutres (GoldenTree, York Global, Brokfield, Solus). No entanto, a incompetência dos abutres fez com que a dívida voltasse a crescer e no segundo trimestre de 2021 já chegou a quase R$ 26 bilhões.
Os donos da Oi venderam torres, data centers, os ativos móveis, sendo que a venda destes últimos está sendo questionada na Justiça. Segundo a publicação Teleco, “a venda dos ativos móveis tornará a Oi uma empresa menor. O móvel representou cerca de 45% da receita da Operadora no 1T20”.
Também venderam para o BTG Pactual 57,9% da InfraCo. O que restou os abutres chamam de Nova Oi, a tal V.Tal. Perguntamos: a Oi será Nova em quê?
2) Bicada nos trabalhadores
É uma permanente e dolorida. Desde que assumiram o controle da empresa os abutres não param de demitir, tanto na Oi como na subsidiária Serede.
Em 2020 foram 1000 trabalhadores demitidos. Em 2021, até aqui o número supera os 800 trabalhadores.
Na Serede, desde 2019, foram cerca de 8.000 demissões.
Massacre em plena pandemia. Os abutres são insaciáveis.
3) Bicada na educação
O Plano Banda Larga nas Escolas existe desde 2008, no âmbito do Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU). Com ele, trocou-se a instalação de Postos de Serviços de Telecomunicações pela obrigação de levar infraestrutura de banda larga a todos os municípios brasileiros e dar conexão gratuita, em velocidades crescentes, a todas as escolas públicas até 2025, data de encerramento dos contratos.
É um direito da educação e um dever da Oi, que assinou o contrato com o governo federal em 2008, mas não cumpre. Milhares de escolas que deveriam receber banda larga de qualidade, no máximo recebem de 2 Mbps a 5 Mbps. Uma vergonha e um desrespeito.
A figura mitológica de Prometeu empunha uma tocha que representa sua resistência diante da opressão e sua determinação em levar conhecimento à humanidade. Precisamos ter a mesma firmeza na luta contra a destruição da Oi, dos postos de trabalho e por banda larga para todos, em particular para as escolas públicas. Chega das bicadas destruidoras dos abutres da Oi.
Instituto Telecom, Terça-feira, 14 de setembro de 2021