Cadê a digitalização das escolas?

jun 6, 2023 by

No dia 30 de maio de 2023, Isabel Butcher, do Mobile Time, nos deu uma ótima notícia: “O CPQD desenvolveu um projeto para levar conectividade a escolas localizadas em comunidades remotas, sem acesso à Internet banda larga e muitas vezes também sem energia. A solução, em estudo ainda, conta com apoio de recursos do Funttel (Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações), do Ministério das Comunicações e da Finep. A meta é conectar 4,6 mil escolas públicas sem Internet e sem energia elétrica (…) até o fim do ano a solução estará pronta para ser transferida para a indústria brasileira responsável pelo fornecimento de sistemas individuais de geração de energia elétrica com fonte intermitente – para colocar o produto no mercado”.

O projeto do CPQD traz uma esperança para combater um cenário bem dramático.

O Programa Banda Larga nas Escolas (PBLE) foi criado em 2008, no âmbito da discussão sobre a troca de metas do Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU). Ou seja, há quinze anos.

Trocou-se a instalação de Postos de Serviços de Telecomunicações pela obrigação de levar infraestrutura de banda larga a todas as escolas públicas urbanas até 2025. Conexão gratuita, em velocidades crescentes. São metas contratuais até hoje descumpridas pelas concessionárias Oi e Telefônica/Vivo.

Segundo o mais recente Censo Escolar, e a própria Anatel, 64% das escolas públicas urbanas recebem uma internet com velocidade média de até 5 Mbps. Inviabiliza qualquer estudo.

Na área rural a situação é ainda mais caótica, pois 88% das escolas públicas recebem uma internet com velocidade média de até 5 Mbps. Sem comentários.

Cerca de 70% de todas as escolas públicas brasileiras, o que corresponde a 96.192 escolas urbanas e rurais públicas, não possuem laboratório de informática. Sem pesquisa, sem educação.
Se considerarmos uma velocidade média de 50 Mbps, recomendada pelo Tribunal de Contas da União, 75% das escolas estão desconectadas. Os dados demonstram que estamos muito longe desse objetivo.

No leilão do 5G, após muita pressão da sociedade civil organizada, entre elas o Instituto Telecom e o Clube de Engenharia, foram reservados R$ 3,1 bilhões para que as vencedoras do leilão garantissem o “compromisso de conectividade em escolas públicas de Educação Básica, com a qualidade e velocidade necessárias para o uso pedagógico das TICs nas atividades educacionais”.

Que o projeto do CPQD se junte a todos esses dados e obrigações. E que seja discutido pelo Governo Federal com a sociedade civil de maneira a implementar um plano concreto de digitalização de todas as escolas públicas urbanas e rurais de todo o país.

Instituto Telecom, Terça-feira, 6 de junho de 2023

Artigos relacionados

Tags

Compartilhe

Comente

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *