Big Techs comemoram os lucros. Os trabalhadores sofrem
Enquanto Trump ataca o Brasil — tendo como alvo nossa tentativa de regular a inteligência artificial e as big techs (Alphabet, proprietária do Google e YouTube; Meta, proprietária do Facebook e Instagram; Amazon; Microsoft; Apple)— os donos dessas empresas seguem comemorando lucros recordes. Do outro lado, a sociedade vive apreensiva com a falta de transparência dos algoritmos, e os trabalhadores enfrentam incertezas quanto ao futuro do emprego e à ausência de capacitação digital.
Segundo pesquisa da Ação Educativa, Conhecimento Social e Fundação Itaú, 77% dos brasileiros entre 15 e 64 anos não têm habilidades digitais avançadas. O novo Índice de Analfabetismo Funcional incorporou tarefas tecnológicas como compras online e busca de filmes no celular — o resultado foi desastroso.
Paralelamente, os postos de trabalho já estão sendo eliminados, como as próprias big techs admitem. Não é alarmismo, mas também não podemos repetir a visão simplista de que, para cada função destruída pela IA, surgirá outra de igual qualidade. A revolução da IA avança com velocidade e profundidade inéditas — e o saldo pode ser brutal.
O que fazer?
Não há solução mágica. Mas é urgente enfrentar o Congresso Nacional, hoje majoritariamente alinhado com a extrema direita e resistente à regulação da IA e das big techs. A sociedade civil e os trabalhadores devem acompanhar de perto os PLs 2338/23 (IA) e 2630/20 (regulação das plataformas).
Como alerta a Coalizão Direitos na Rede, houve retrocessos graves no Senado, como a exclusão de regras que exigiam supervisão humana em decisões automatizadas de demissão e que coibiam dispensas em massa por sistemas de IA. É fundamental lutar, na Câmara, pela reinclusão dessas proteções no PL 2338/23 (IA).
A escolha é clara: ou defendemos uma transição justa, com proteção ao trabalhador, ou aceitaremos um futuro de maior desigualdade, com menos empregos qualificados, salários mais baixos, e mais lucros para as big techs.
Instituto Telecom, Terça-feira, 22 de julho de 2025
Marcello Miranda, Especialista em Telecom
Artigos relacionados
Tags
Compartilhe
