Nossa Opinião: Seremos outra vez uma colônia?
É fundamental discutirmos a atual fase do capitalismo , um capitalismo que muitos chamam de capitalismo de vigilância ou colonialismo de dados.
Essas duas expressões convergem em um ponto essencial: ambas descrevem um sistema que transforma tudo o que fazemos, dizemos ou sentimos em matéria-prima, dados, para o lucro das grandes corporações tecnológicas:
A) Nossos dados pessoais e coletivos são coletados o tempo todo, muitas vezes sem o nosso consentimento, ou com aquele consentimento implícito e forçado, escondido em termos de uso que ninguém lê.
B) Esses mesmos dados são usados gratuitamente para o treinamento de máquinas e sistemas de inteligência artificial que, ironicamente, depois nos vendem de volta o acesso às informações que nós mesmos geramos.
C) No colonialismo histórico, levaram nosso ouro; agora, levam nossos dados. A lógica é a mesma: exploração, extração e dependência.
D) Para piorar, tentam naturalizar essa expropriação, fazendo parecer que a coleta e o uso dos nossos dados são parte inevitável da modernidade digital.
Como afirma o sociólogo Sérgio Amadeu, as grandes plataformas não apenas extraem dados, mas extraem padrões , ou seja, aprendem nossos desejos futuros, comportamentos e hábitos, para prever e moldar nossas ações.
Diante disso, cabe uma pergunta decisiva:
Vamos aceitar a posição de colônia digital, seja europeia, norte-americana ou chinesa?
É por isso que precisamos cobrar a aprovação do Projeto de Lei da Inteligência Artificial, garantir o cumprimento integral da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e fortalecer o papel fiscalizador e sancionador da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).
Da mesma forma, é fundamental acompanharmos a implementação do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), aprovado em 2025 pelo governo federal, que traz medidas estratégicas para garantir que a IA sirva ao interesse público, e não aos interesses coloniais das big techs.
Instituto Telecom, Terça-feira, 14 de outubro de 2025
Marcello Miranda, especialista em Telecom
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