CBERS-5: Brasil e China firmam acordo para satélite

jul 8, 2025 by

Brasil e China firmaram um novo acordo de cooperação espacial para o desenvolvimento conjunto do satélite CBERS-5, o primeiro da série a operar em órbita geoestacionária. O compromisso foi selado em 5 de julho, durante a Cúpula dos BRICS no Rio de Janeiro, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do primeiro-ministro chinês, Li Qiang.

O CBERS-5 integrará o Programa China-Brazil Earth Resources Satellite (CBERS), iniciado em 1988. Diferentemente dos modelos anteriores, que orbitam a Terra em baixa altitude e são focados em sensoriamento remoto, o CBERS-5 será posicionado de forma fixa sobre o território brasileiro, permitindo monitoramento contínuo para fins meteorológicos e ambientais.

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, destacou que o novo satélite colocará o Brasil entre um grupo restrito de menos de dez países com capacidade de desenvolver satélites geoestacionários. A construção do equipamento envolverá transferência formal de tecnologia entre os dois países, com compartilhamento de conhecimento técnico e científico.

“Esse será o primeiro satélite geoestacionário desenvolvido pelo Brasil, e representa um enorme salto tecnológico na parceria CBERS”, afirmou a ministra.

Soberania de dados e aplicações estratégicas
O principal objetivo do CBERS-5 é ampliar a soberania brasileira no acesso a dados meteorológicos e climáticos, diante da crescente dependência de fontes externas e da instabilidade geopolítica no fornecimento de informações espaciais. O satélite terá aplicações diretas na geração de energia, agronegócio, planejamento urbano e gestão de desastres.

Com dados gerados continuamente sobre a região, o Brasil poderá melhorar a acurácia das previsões climáticas, identificar padrões extremos de seca ou tempestades com maior antecedência e aprimorar políticas públicas baseadas em evidências.

A ministra Luciana Santos ressaltou que o projeto também responde à retração de investimentos em tecnologia climática por parte de países tradicionalmente fornecedores desses dados.

“O CBERS-5 busca suprir os dados espaciais ambientais do continente, cujo fornecimento pode ser interrompido no futuro próximo”, afirmou.

Acesso aberto
Além do uso nacional, os dados produzidos pelo CBERS-5 serão distribuídos gratuitamente a países da América Latina e do Caribe. A medida reforça a vocação cooperativa do programa CBERS, promovendo integração regional e ampliando o acesso a informações estratégicas em países em desenvolvimento.

A China, por sua vez, terá acesso a dados inéditos do Hemisfério Ocidental, o que deve contribuir para o aprimoramento de seus modelos climáticos e de previsão ambiental.

Ainda não foi divulgada a data prevista para o lançamento do CBERS-5, nem o nome da empresa ou consórcio responsável pela construção do equipamento. A formalização do acordo representa, contudo, um novo capítulo na colaboração sino-brasileira no setor espacial, com foco em autonomia tecnológica e inovação aplicada.

Tele Síntese, 7 de julho de 2025

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