Impacto da covid-19 faz base de celular pós-pago ter maior queda da história em abril

jun 1, 2020 by

No primeiro mês em que o impacto do coronavírus (covid-19) foi plenamente sentido no Brasil, a quantidade de acessos pós-pagos caiu. Comparado com o mês anterior, o recuo em abril foi de mais de 525,8 mil linhas de celular, o maior desde o início da medição da Anatel, em 2005. Proporcionalmente, a queda foi de 0,47%. No total, os acessos pós-pagos somaram em abril 111,459 milhões de chips, ainda representando aumento anual de 8,37%.

De fato, o encolhimento da base pós-paga só aconteceu outras três vezes nesses 15 anos: em junho de 2006, julho de 2012 e em janeiro de 2019. Neste último caso, contudo, há grande divergência entre os números divulgados na época (que mostravam crescimento de 791,5 mil linhas) e os que constam atualmente na base de dados da agência (redução de 95,7 mil conexões).

O pré-pago também caiu em abril, mas a redução foi menor: 171 mil desligamentos, uma queda de 0,15%. No comparativo anual, a redução é de 9,27%.

Diante disso, o mix observou uma leve ampliação da dominância do pré-pago (0,08 ponto percentual), que agora é 50,59% do total da base brasileira. Os outros 49,41% do pós-pago indicam que a virada do mix, antes prevista para acontecer ainda este ano, pode não estar tão próxima.

Todas as maiores operadoras apresentaram queda no pós-pago, com destaque para a redução líquida da Vivo, com 276 mil desligamentos em um mês (0,63% de diminuição) e da TIM, que observou 149,9 mil desconexões no segmento. A tendência levou a uma leve redução do mix do pós em relação ao pré-pago para a Oi, Vivo e Algar Telecom.

4G

Considerando somente a conexão 4G, contudo, há uma tendência mais clara de queda no pós-pago de todas as grandes operadoras, exceto a Vivo, que apresentou estabilidade (a tele adicionou apenas 834 novos acessos no período). No caso da Oi, houve mais de 360 mil desligamentos (redução de 4,20%), enquanto a TIM reduziu em 100 mil (menos 0,63%) a quantidade de chips.

A Claro, por sua vez, teve uma queda mais forte no pré-pago 4G, com 197,4 mil desconexões (redução de 0,97%). Ela foi a única a reduzir os acessos em abril nesse segmento. A Vivo, por exemplo, aumentou 272,7 mil acessos (1,21%).

Isso indica que houve uma migração de clientes do pós para o pré no 4G. O impacto da restrição da mobilidade com o isolamento social, especialmente na classe média, pode ser uma explicação para a retração do pós-pago no primeiro mês em que foi possível presenciar os efeitos da covid-19 durante todo o período. Também houve um substancial impacto da crise no mercado de aplicativos de transporte, cujos motoristas costumam ter conexões 4G dedicadas aos veículos. Outro fator apontado é a diminuição dos planos familiares, já que há menos deslocamento dos filhos para atividades externas.

Bruno do Amaral, Teletime, 29 de maio de 2020

 

 

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