Correios estreiam no mercado de telefonia celular

mar 6, 2017 by

Estatal lançou plano pré-pago de R$ 30. Pacote prevê uso do WhatsApp sem consumo da franquia de dados, que é de 1 GB. Operadora móvel virtual responsável pelo serviço é a EUTV.

Os Correios começaram a comercializar hoje, 6, um plano pré-pago de telefonia móvel, o Alô Correios. A primeira oferta da estatal sai por R$ 30 ao mês. As vendas começam em 12 agências em São Paulo. Até o final de março, 164 agências na região metropolitana também venderão o chip. Os planos de expansão preveem a venda em agências de 3,6 mil cidades até o final do ano.

A iniciativa é resultado de parceria com a EuTV, operadora móvel virtual que utiliza frequências da TIM em todo o Brasil, e que ficará com mais de 90% das receitas. A EuTV usa a marca comercial Surf Telecom. Os Correios emprestam a marca, e segundo seus diretores, prometem ficar de olho na imagem e reputação da estatal para evitar que haja contaminação na percepção do consumidor. A previsão é que neste ano a Correios Celular fature R$ 14 milhões, passando a R$ 60 milhões em 2018, e alcançando R$ 300 milhões em cinco anos.

De acordo com Yon Moreira, presidente da EuTV, a Correios Celular tem, como diferenciais, a transparência, capilaridade da rede de atendimento e possibilidade de sinergias com outros serviços da estatal. Todo o atendimento ao consumidor poderá ser feito no balcão das agências e também por telefone. A recarga poderá ser feita, adicionalmente, em 1,6 mil pontos da rede Cielo.

“A transparência é imediata, o cliente vê o quanto gastou e quanto resta de créditos imediatamente após a finalização da chamada”, ressalta o executivo. O sistema de OSS/BSS da empresa é fornecido pela indiana Plintron. Ela afirma que o potencial é atrair clientes insatisfeitos de outras operadoras, assim como conectar pela primeira vez parte dos 70 milhões de brasileiros que não têm um serviço de telecomunicações.

Diversificação

Os executivos da estatal apostam na operadora como forma de diversificar as receitas. Por dois anos seguidos os Correios apresentaram prejuízos bilionários, de pouco mais de R$ 2 bilhões. A operadora de telefonia móvel vem, se não para sanar a sangria, para ajudar a empresa a aumentar as receitas com serviços além dos postais. “Não é a solução para os problemas dos Correios, mas vai ajudar. Estamos em busca de alternativas devido à queda da procura por serviços postais”, afirma Guilherme Campos Junior, presidente da estatal.

Segundo ele, o foco inicial do serviço é atender a população de baixa renda, e haveria no horizonte interesse da empresa em “universalizar” os serviços de telefonia móvel, levando conectividade aos rincões do país. O que por enquanto não passa de um ideal. “Não existe nenhum subsídio do governo. Esse é antes de tudo um produto comercial. Se iniciássemos as vendas nos rincões, ele não parava em pé. Não é um vale telefone”, afirma.

Caso a empreitada seja bem sucedida, ou seja, se as vendas alcancem as metas neste ano e se chegue a 500 mil usuários, a operadora já planeja novos serviços. A ideia passa do envio de SMS a usuários comuns dos correios, serviços de informação com parceiros, rastreamento, até aluguel de espaço sobre as agências para instalação de antenas celulares. E até venda de aparelhos nas agências, o que ainda não acontece, segundo Campos, por falta de acordo com os principais distribuidores do país. Em cinco anos, a Correios Celular quer ter 8 milhões de clientes.

O plano

O plano de R$ 30 reais prevê 100 minutos de chamadas para qualquer operadora, em qualquer DDD. A franquia de dados é de 1 GB. Após atingida, a velocidade do tráfego de dados é reduzida a 32 Kbps. Usar o WhatsApp (mensagens, fotos e chamadas de voz) não consome a franquia. O acesso ao site www.brasil.gov.br também está isento de cobrança.

Quem não usar completamente os dados, fica com a capacidade sobressalente acumulada para a próxima recarga, desde que realizada em dia. A velocidade de navegação é de até 1 Mbps (nas redes 3G) e de até 5 Mbps (4G).

As primeiras agências a vender o chip são: Brás, Central de de São Paulo (República), Cidade de São Paulo (Vila Leopoldina), Guaianazes, Itaquera, Mooca, Nossa Senhora da Saúde, Osasco, Penha de Franca, Santana, Silva Bueno (Ipiranga) e Vila Prudente.

Rafael Bucco, Telesintese, 6 de março de 2017

 

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