A falácia das operadoras
Há dois mundos nas telecomunicações brasileiras. O mundo representado pela Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil) é visto e intensamente divulgado pelas grandes operadoras. O outro é o vivido pela maioria da sociedade.
Segundo a Telebrasil, entre janeiro de 2017 e janeiro de 2018 houve uma expansão da rede 4G de 137%. Dessa forma, 93% da sociedade viveriam sob essa tecnologia. A rede 3G já alcançaria 5.151 municípios, 98,9% da população.
Esse mundo perfeito não existe. O que há, sim, é o aprofundamento de um modelo elitista, concentrado nas mãos das grandes operadoras, com preços e tarifas caras, cobertura deficiente. Relatório da Anatel mostra que só existe competição efetiva em 3% dos municípios brasileiros. Poucos podem pagar para ter um serviço essencial como as telecomunicações.
As operadoras, ao mesmo tempo que alardeiam números fantasiosos, combatem qualquer política pública que possa universalizar os serviços de telecomunicações, principalmente a banda larga.
O Marco Civil da Internet estabelece a banda larga como serviço essencial. Portanto, deveria estar em regime público. Mas essa lógica é rechaçada pelas operadoras. Elas querem se ver livres de qualquer amarra regulatória que as obrigue a disponibilizar a banda larga com tarifas módicas e de qualidade.
Tramam, junto com o atual governo golpista, a aprovação do PLC 79/16 para enterrar qualquer possibilidade de discussão de um modelo que leve em consideração a maioria da sociedade, e não apenas os acionistas das operadoras. A aprovação do PLC 79/16 levará ao fim das concessões públicas e, com elas, a obrigação de levar gratuitamente até 2025 banda larga para as escolas públicas, por exemplo.
Com toda certeza os números divulgados pelas operadoras só servem como propaganda. Na realidade, estão muito longe de representar o que ocorre nas telecomunicações no Brasil. Desmascarar essas informações é essencial para que toda a sociedade tenha clareza da situação desastrosa e excludente na qual se encontram os serviços nesse setor estratégico.
Instituto Telecom, Terça-feira, 6 de março de 2018
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