Fibra enterrada, aluno desconectado

jun 15, 2021 by

Carlos Eduardo Sedeh, presidente da Megatelecom e vice-presidente executivo da Telcomp, em artigo recente afirma que, em relação às empresas de telecomunicações, “com uma abordagem financeira, é muito benéfico separar as companhias entre serviços e infraestrutura”. Daí o surgimento de várias empresas de infraestrutura para explorar de forma dedicada esses serviços.

É exatamente o que no Brasil estão fazendo a Oi, a Vivo, a TIM, a Claro – separando a infraestrutura de fibra ótica e criando as chamadas INFRACO.

Essas empresas, segundo ele, nesse novo desenho chegam a valer até 20 vezes o Ebitda – lucro antes da depreciação, pagamento de impostos, amortização e juros. Quatro vezes o que valem hoje.

Para se ter uma ideia, as quatro empresas juntas, em 2020 equivaliam a R$ 47,6 bilhões. Se multiplicarmos esse valor por quatro teremos a fantástica cifra de R$ 189 bi e 84 milhões. Isso mesmo – quase R$ 200 bilhões.

A pergunta é o que essas empresas, com lucro e valores extraordinários, fazem e farão pela sociedade.  Até agora nada fizeram.

No Brasil, as grandes operadoras colocaram boa parte de seus trabalhadores em home office, mas, à exceção da TIM, não pagam um centavo pelos gastos com internet e energia elétrica.

E a sociedade?

Devemos continuar lutando para que as concessionárias, principalmente Oi e Vivo, cumpram com a obrigação contratual de colocarem nas escolas públicas urbanas banda larga gratuita e de qualidade com a mesma velocidade comercialmente oferecida na localidade. Por contrato, isso já deveria estar ocorrendo desde 2010.

A nossa luta é para, também, garantir a implantação e implementação da Lei nº 14.172, de 10 de junho de 2021, resultado da derrubada do veto presidencial ao PL 3477/2020.  Essa lei garante aos estudantes e professores do ensino público fundamental e médio, acesso à internet banda larga por meio de um pacote de dados gratuito. Também garante a compra de equipamentos como tablets.

Até agora, só os grandes acionistas das empresas vêm ganhando. Esses ganhos têm que ser repartidos com a sociedade e os trabalhadores. Pouco adianta enterrarem cada vez mais fibra ótica se professores e alunos da rede pública continuarem desconectados.

Instituto Telecom, Terça-feira, 15 de junho de 2021

 

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