Lucro, dor, conexão

maio 31, 2022 by

Relatório produzido pela Oxfam Brasil e publicado agora, em maio de 2022, intitulado “Lucrando com a dor” demonstra que “a riqueza dos bilionários teve alta recorde durante a pandemia de Covid-19, à medida que as empresas dos setores alimentício, farmacêutico, energia e tecnologia lucraram. Enquanto isso, milhões de pessoas ao redor do mundo enfrentam uma crise de custo de vida devido aos efeitos contínuos da pandemia e ao rápido aumento dos preços de bens essenciais, incluindo alimentos e energia. A desigualdade, já extrema antes da Covid-19, atingiu novos patamares”.

A pesquisa da Oxfam revela que no mundo:
• A fortuna dos bilionários aumentou, em 24 meses, o equivalente a 23 anos.
• Um novo bilionário surgiu a cada 30 horas, em média, durante a pandemia. E no mesmo período um milhão de pessoas caiu na pobreza extrema.

A riqueza extrema corrompe nossa política e nossa mídia, pois coloca um poder inimaginável e irresponsável nas mãos de um pequeno grupo de oligarcas globais.
Os trilhões de dólares acumulados por bilionários – mais do que qualquer um conseguiria gastar levando uma vida de luxo – poderiam ser usados por governos para acabar com a pobreza e proteger as pessoas ao redor do mundo.

Vejamos o peso da concentração. Cinco das 21 maiores empresas do mundo são da área de tecnologia: Apple, Microsoft, Tesla, Amazon e Alphabet. Elas obtiveram US$ 271 bilhões em lucros em 2021, quase o dobro de 2019, antes da pandemia. Essas empresas de tecnologia gastam grandes quantias realizando lobby em nome de seus interesses.

No setor das telecomunicações, durante a pandemia acentuou-se o processo de separação das companhias entre serviços e infraestrutura de fibra ótica. É o que, no Brasil, estão fazendo a Oi, a Vivo, a TIM, a Claro. Segundo especialistas, nesse novo desenho essas empresas chegam a valer até 20 vezes o Ebitda – lucro antes da depreciação, pagamento de impostos, amortização e juros.

A pergunta é: o que essas empresas, com lucro e valores extraordinários, fazem e farão pela sociedade brasileira?

Em seu relatorio, a Oxfam Brasil propõe que a ação mais urgente e estrutural a ser tomada pelos governos é implantar medidas tributárias altamente progressivas. Estas, por sua vez, “devem ser usadas para investir em medidas poderosas e comprovadas que reduzam a desigualdade, como proteção social universal e saúde universal”.
E enumera:
1. Um imposto pandêmico urgente sobre os lucros excessivos das maiores corporações do mundo;
2. Um imposto de solidariedade pandêmico urgente de 99% sobre a nova riqueza bilionária;
3. Um imposto patrimonial permanente para os mais ricos.

No caso brasileiro, além dessas medidas, no setor de telecomunicações o futuro governo deve reativar o Fórum Brasil Conectado com representantes do Estado, da sociedade civil, do empresariado, da Academia. Esse é o caminho para reduzir a dor da desigualdade social e viabilizar a universalização da banda larga no Brasil.

Instituto Telecom, Terça-feira, 31 de maio de 2022

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