O fim da soberania digital

ago 29, 2017 by

Os governos dos chamados países desenvolvidos têm restrições ao controle estrangeiro em áreas essencialmente estratégicas. Nos EUA, por exemplo, há restrições nos setores de comunicações e energia. Já no Brasil, depois que os golpistas tomaram de assalto o poder, o mercado manda e desmanda. Está tudo à venda, da Eletrobrás à Amazônia, neste caso com a extinção de uma reserva de 4 milhões de hectares, liberada à exploração mineral.

 

E vem mais por aí. No dia 27 de setembro será sacramentada a entrega do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC). Um satélite planejado para prover infraestrutura à educação, dando acesso a conteúdos educacionais, interligando escolas públicas rurais.

A Telebrás pagou cerca de R$ 4 milhões pela posição orbital, valor bem abaixo do que é normalmente cobrado. Licenças anteriores custaram, no mínimo, R$ 27 milhões. O valor mais baixo cobrado da Telebrás só tinha lógica num cenário sem privatização. Mas, com a entrega do satélite à iniciativa privada, o que justificaria esse valor? A iniciativa privada receberá quase toda a capacidade satelital de mãos beijadas sem nenhuma obrigação.

Devemos resistir. Nós, do Instituto Telecom e do Clube de Engenharia, temos denunciado que a entrega do satélite está ligada à destruição da perspectiva de universalizar a banda larga no Brasil. Tanto o PLC 79/16 – o projeto dos sonhos das concessionárias, que extingue as concessões com a entrega de R$ 100 bilhões às operadoras Oi, Claro e Vivo -,quanto a entrega do satélite a grupos estrangeiros sem nenhuma contrapartida social, inviabiliza de uma vez por todas termos um projeto soberano para as (tele)comunicações brasileiras.

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