Operadoras tomam medidas para lidar com efeitos do coronavírus no Brasil

mar 16, 2020 by

Com os efeitos cada vez mais intensos da pandemia de coronavírus (covid-19) no mundo e no Brasil, as empresas de telecomunicações vão tentando se adaptar à nova situação. Em alguns casos, seguindo o comportamento de companhias internacionais, comprometem-se em manter os serviços de telecom no período, enquanto dão aos próprios funcionários flexibilidade para evitar a exposição.

O Sindicato Nacional das Empresas de Telecomunicações do Brasil (SindiTelebrasil) comunicou em nome das operadoras (como Algar Telecom, Claro e Oi) que está seguindo as orientações das autoridades, mas garantindo que as empresas estão atuando “normalmente”. Confira na íntegra:

“O Sinditelebrasil está atento aos desdobramentos da pandemia do Novo Coronavírus (COVID-19) e está seguindo todas as orientações da Organização Mundial da Saúde, Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária ao lado de suas associadas. As empresas de telecomunicações seguem atuando normalmente na prestação de serviços aos seus clientes e orientam seus funcionários conforme as recomendações dos órgãos públicos.”

No caso da TIM, especificamente, uma série de medidas foram tomadas, incluindo a suspensão de viagens corporativas internacionais; o encaminhamento para trabalho remoto (home office) por duas semanas para funcionários que estiveram em países com casos confirmados da doença por transmissão local; e o cancelamento temporário da participação em feiras e eventos com aglomeração. Já as viagens domésticas estão permitidas apenas em casos excepcionais.

Além disso, a empresa adotou medidas mais enérgicas no escritório de Curitiba após um colaborador relatar contato com uma pessoa em estágio de exame de contraprova para o vírus. O funcionário foi encaminhado para realização do exames e todos os colaboradores foram orientados a trabalhar em home office até receberem novo direcionamento. O prédio também foi higienizado após o ocorrido.

A Claro foi na mesma linha e restringiu viagens, além de preparar um plano de teletrabalho para assegurar aos colaboradores acesso por VPN caso seja necessário um isolamento maior. Funcionários que tenham vindo de áreas de risco por motivo de viagens pessoais ficam em quarentena por duas semanas antes de retornarem aos escritórios.

Oi

A Oi inicialmente só havia se manifestado pelo SindiTelebrasil, mas no final da noite de sexta-feira, 13, soltou nota. A companhia afirmou que pretende mitigar os riscos com o “máximo de responsabilidade e o mínimo de impacto possível” nas atividades. Isso inclui cancelamento de todos os eventos internos e participações em eventos externos até que se tenha mais informações sobre os riscos; e suspensão de todas as atividades do Centro Cultural Oi Futuro e do Musehum.

Além disso, a operadora orienta: “redução ao máximo de todas as viagens profissionais, tanto nacionais quanto internacionais, exceto aquelas consideradas críticas. Isolamento domiciliar com trabalho remoto por 14 dias preferencialmente para colaboradores que tenham retornado de viagens internacionais, corporativas ou particulares e obrigatoriamente no caso de apresentação de sintomas.” Há também o reforço na política corporativa do home office, e a recomendação de redução de reuniões presenciais (adoção prioritária de videoconferências).

Para os funcionários com contato com terceiros (parceiros, familiares e amigos) com casos de suspeita ou confirmados, a recomendação é de isolamento domiciliar e trabalho remoto por até 14 dias. A operadora também criou um canal de comunicação interno direto para esclarecer dúvidas e agilizar a comunicação com a equipe médica do trabalho. Haverá também divulgação reforçada de informações de profilaxia, como higiene pessoal e limpeza de utensílios, além de atualizações de informações dos órgãos oficiais sobre a pandemia.

Vivo e Telefónica

A Vivo respondeu a este noticiário por meio do mesmo comunicado do SindiTelebrasil, mas a controladora espanhola Telefónica assegurou nesta semana que vai garantir o funcionamento das redes em todos os países onde tem operações (ou seja, incluindo o Brasil), reconhecendo a necessidade da conectividade como “absolutamente essencial”. Também mencionou que aumentará a franquia móvel na Espanha, e que poderia expandir isso com medida similar para outros países, a depender da evolução da pandemia.

“A Espanha tem uma infraestrutura de comunicações de ultra banda larga de extrema alta capacidade e qualidade e nós vamos fazer todo esforço para garantir que as redes de telecomunicações funcionem a plena capacidade, de forma confiável, estável e segura”, diz. “Vamos fazer o mesmo em todos os países onde nós operamos, trabalhando para proporcionar nossas redes com capacidade suficiente para absorver os mais altos picos de demanda”, diz a Telefónica no comunicado.

Além disso, a Vivo já adota algumas medidas no Brasil que permitem o “afastamento social” parcial para funcionários. Entre elas, há uma opção trabalho em casa (home office) duas vezes na semana, flexibilidade de horário e uso de banco de horas para “estender” o final de semana.

Na Espanha, também há medidas mais diretas, uma vez que a Europa tem sofrido mais com as consequências do vírus – na sexta-feira, 13, o governo espanhol declarou estado de emergência no país. Para os trabalhadores, a Telefónica disse que vai facilitar o trabalho remoto para todos os funcionários no país europeu, com ênfase em profissionais com filhos em idade escolar. Também promoveu cancelamento de viagens, limites para reuniões e eventos, flexibilização de dias de trabalho e medidas básicas de prevenção e higiene.

Fornecedores

Por parte dos fornecedores, a Ericsson respondeu que está tomando medidas de prevenção com base em “avaliação permanente da situação e em total alinhamento com as autoridades de saúde”. A companhia sueca destaca que a saúde e segurança de funcionários e clientes são a principal preocupação (a companhia já havia cancelado a participação no Mobile World Congress antes da própria organização do evento).

“Como empresa global que somos, temos planos de contingência que nos permitem lidar com possíveis problemas que a nossa empresa possa enfrentar, tanto para garantir a saúde e segurança dos nossos colaboradores, quanto para minimizar o impacto nas operações que desenvolvemos. Asseguramos proativamente o bem-estar dos nossos colaboradores e visitantes através das melhores e mais seguras práticas de gestão no interior das nossas instalações, bem como nas restrições de viagem, além de seguir implementando medidas preventivas e protocolos de segurança, sempre que necessário.” A Ericsson afirma ainda que “continuará a monitorar e avaliar de muito perto a situação, seguindo as recomendações das autoridades nacionais e da Organização Mundial da Saúde”.

A Nokia enviou posicionamento global, sem medidas específicas para o Brasil. A companhia finlandesa diz que distribui orientações atualizadas internamente, consistentes com os esforços globais, visando proteger os funcionários. A companhia afirma que busca “dar mais flexibilidade para gerenciar os desafios do equilíbrio entre trabalho e vida”. “Até o momento, tomamos uma série de passos em muitos países da Europa e Ásia, incluindo ações como restringir viagens, trabalhar em casa, auto-quarentena em casos selecionados, limpeza ou desinfecção de escritórios aprimorados, e instruções claras de saúde e segurança para os viajantes de e para certas áreas, para mencionar algumas atividades”, declara, em comunicado.

A companhia também reconhece responsabilidade com indústria e clientes para “manter o diálogo sobre as necessidades” com a tecnologia, fazendo uma avaliação caso a caso para decidir quais eventos devem adiar a participação. A fornecedora também cancelou a ida à MWC este ano, e planeja realizar as demos e os lançamentos previstos em um formato virtual e localmente próximo a clientes, com a série de eventos “Nokia Live”.

Internacional

O órgão regulador norte-americano Federal Communications Commission (FCC) pediu na sexta-feira, 13, às operadoras de banda larga e telefonia que aderissem a um pacto para garantir a conectividade durante a crise de saúde. A operadora norte-americana AT&T respondeu que está adotando medidas para tanto. Também afirma que está proporcionando aos funcionários medidas como licença remunerada para quem precisar de quarentena, rotina de trabalho remoto e restrições a viagens internacionais, locais e visitas a fornecedores.

Bruno do Amaral e Henrique Julião, Teletime, 13 de março de 2020

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