Pesquisa da Tutela analisa qualidade das redes móveis brasileiras

maio 20, 2019 by

A Tutela, empresa canadense de coleta e análise de dados móveis anônimos, realizou sua primeira pesquisa sobre a qualidade das redes das quatro principais operadoras do País – Claro, TIM, Vivo e Oi. O Relatório de Desempenho de Rede para o Brasil 2019 analisou informações coletadas de mais de 16 milhões de dispositivos, incluindo 100 milhões de testes de velocidade, 4,73 bilhões de testes de latência e mais de 11 bilhões de registros de celulares. Os dados incluem registros capturados de 1º de janeiro de 2019 a 31 de março.

A Tutela captura os dados das redes por meio de um SDK instalado em três mil aplicativos parceiros (não especificados) e usa uma métrica diferente. Pela metodologia disponibilizada, não fica claro se há indicação em evidência para os usuários de que essas informações estão sendo extraídos por terceiros, mas a empresa diz que “não coleta nenhum dado pessoal e está em conformidade com os padrões internacionais de privacidade, incluindo o GDPR [Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais da União Europeia]” e Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), brasileira. “É importante para a gente respeitar as leis e tomamos cuidado para não coletar nenhum tipo de dado que identifique o usuário, como números de IP, celular, IMEI. Só usamos a utilização do dispositivo e a experiência que ele percebe. Não associamos as amostras com os usuários”, explicou o diretor da Tutela Leandro Demarchi.

Captura dos dados

O SDK está instalado em diferentes apps de jogos, chat, redes sociais, entre outras categorias. A proposta é ser abrangente para coletar informações de celulares de pessoas de diferentes idades, gostos, níveis de uso etc. Ao todo são três mil apps parceiros. A coleta de dados é feita no background, ou seja, o usuário do smartphone não consegue interferir nesse teste, uma vez que ele não sabe que está acontecendo.

“Os testes são executados de forma aleatória. Um algoritmo aciona o teste, dependendo da mobilidade do usuário e dependendo do tipo de rede – se ele está em 3G e foi para 4G, se ele mudou de uma célula para outra, por exemplo. Todas essas condições são disparadoras de testes. Dessa forma, a gente consegue uma medição que não depende da vontade do usuário e ele não manipula os resultados”, explicou Demarchi.

A empresa não informa a frequência de envios dos dados, se consomem e o quanto consomem da franquia do usuário. Porém, de acordo com Demarchi, a Tutela usa arquivos de 2MB. “Com esse tamanho a gente tenta simular da forma mais fiel possível o comportamento do usuário com o dispositivo móvel. A gente determinou que o arquivo de 2MB representa o tráfego e o consumo tanto no envio quanto na recepção de dados”, explicou.

Outro ponto importante para a coleta de dados é que a Tutela executa os testes de velocidade em servidores da Amazon. “Usamos Amazon porque 80% do tráfego da Internet do mundo passa por um servidor seu. A chance de um usuário de qualquer parte do mundo que tenha serviços na nuvem da Amazon a chance é alta”, disse o diretor da empresa de coleta e análise de dados.

Métrica

A Tutela desenvolveu uma métrica chamada “Qualidade de Consistência” da rede, que analisa download, upload, latência e perda de pacote e jitter – que é uma variação estatística do atraso na entrega de dados de uma rede, ou seja, pode ser definida como a medida de variação do atraso entre os pacotes sucessivos de dados.

A partir desses parâmetros, foram realizados dois tipos de testes, chamados pela Tutela de Qualidade de Consistência Básica e Qualidade de Consistência Excelente.

A primeira, a básica, é usada para medir a experiência que os usuários teriam em aplicações menos exigentes. Enviar ou receber um e-mail, entrar numa página web ou mandar uma foto são considerados pela Tutela aplicações básicas. Ou seja, não exigem muitos recursos para elas operarem de forma rápida e eficiente.

Os testes das quatro operadoras atenderam aos critérios estipulados em 96% das amostras, já que a demanda de tráfego e desempenho é significativamente menor.

Já a Qualidade de Consistência Excelente exigente mais da rede. “A gente sobe o limite do download, do upload, da latência e as amostras que ficam, depois desse filtro, são aquelas mínimas para ter uma excelente qualidade de experiência”, explica o diretor da Tutela. No caso, atividades como ver um filme em aplicativo de streaming, fazer conferência em vídeo, ver um vídeo no YouTube são formas de a Tutela medir a Qualidade de Consistência Excelente de uma rede porque exige mais dela.

Nos relatórios, a Tutela representa a Qualidade de Consistência de cada operadora com uma pontuação percentual. Esse número representa a porcentagem de conexões de rede testadas que atingiram ou excederam os limites de qualidade consistentes, excelentes ou básicas. Todas as conexões que atendem ao limite de Qualidade de Consistência Excelente também excedem os requisitos de Qualidade de Consistência básica.

Consistência de Qualidade Excelente

A Claro tem uma liderança sobre os outros operadores em relação à Qualidade de Consistência Excelente. Dos testes, 62,3% atingiram o limiar de Tutela, quase 10 pontos percentuais sobre a TIM.

A TIM e a Vivo ficaram em segundo e terceiro lugares respectivamente, com Consistência de Qualidade Excelente, com pontuações de 52,6% e 51,7%, respectivamente. A Oi ficou em quarto lugar com uma margem maior de 44,5%.

De acordo com o relatório, em termos práticos, a diferença entre o primeiro e o último colocado significa que em lugares onde um usuário da Claro tem sinal, em 62% do tempo ele terá condições suficientes para conseguir uma excelente experiência no uso de aplicativos que fariam parte da classificação da Consistência de Qualidade Excelente, como de streamings de vídeo HD ou videochamada em grupo. Porém, para um usuário Oi, o mesmo é verdade apenas 45% das vezes em que ele tem sinal.

Downloads

A pesquisa mediu o download das empresas, separadamente e combinados 3G e 4G.

No caso do download combinado, a Claro chegou a 10,17 Mbps. A Vivo está em segundo lugar com 8,32 Mbps, com a TIM logo atrás, em terceiro, com velocidade de 7,97 e, a Oi com 6,65 Mbps.

Quanto ao download separado, a Claro atinge uma velocidade de 13,24 Mbps com seu 4G e 4,26 Mbps no 3G. A Vivo, em segundo lugar, chega a 11,72 Mbps no 4G e 3,66 no 3G. A Oi fica em terceiro lugar, com 9,50 Mbps no 4G e 2,62 Mbps no 3G. A TIM, embora tenha uma das redes 3G mais rápidas (3,87 Mbps), sua velocidade de 4G é a mais baixa de todas as quatro em se tratando de velocidade de download (9,33 Mbps).

Uploads

Já sobre os resultados de upload, as operadoras ficaram mais próximas, com menos de 2 Mbps, separando a primeira colocada, a Claro, da última, a Oi.

Em upload combinado, a Claro chegou a 5,50 Mbps e a TIM a 5,21 Mbps. Já a Vivo ficou dessa vez em terceiro lugar, com 4,45 Mbps,  e a Oi em quarto, com 3,96 Mbps.

No upload separado, a TIM empata com a Claro no 3G, com 1,86 Mbps de velocidade para ambas. Mas a Claro tem um 4G mais veloz, a 7,28 Mbps, deixando, a TIM em terceiro lugar, com 6,14 Mbps. Em segundo está a Vivo, com velocidade 4G de 6,41 Mbps e 1,70 Mbps de 3G. A Oi, em quarto, chegou a 5,63 Mbps de velocidade 4G e 1,04 Mbps de 3G.

Latência

A TIM assumiu o primeiro lugar em termos de latência, com sua média combinada de 3G e 4G de 35,9 ms em quatro milissegundos mais rápido do que a Claro (40,4 ms), a segundo lugar. Vivo ficou com o terceiro lugar para latência combinada, com 42,5 ms. A Oi ficou em quarto lugar com uma margem maior, e foi a única operadora a ter latência combinada (51,7 ms) maior do que a padrão de Tutela para Qualidade Consistente Excelente.

Isabel Butcher, Teletime/Mobile Time, 17 de maio de 2019

 

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