Banda larga ou precipício
Às vésperas da eleição presidencial ocorreu o Futurecom 2018, evento considerado por seus organizadores o “estado da arte” em Tecnologia e Telecomunicações, fórum de oportunidades para demonstrações e lançamentos impactantes de Aplicações, Serviços, Soluções, Produtos e Sistemas.
Será esse mesmo o seu principal objetivo? Evidente que não.
O Futurecom é, sim, o local onde as grandes operadoras (Claro, Vivo, TIM e Oi) explicitam suas posições sobre o cenário político e econômico do país e fazem a defesa da liberação do mercado de compromissos regulatórios, deixando-o livre para fazer o que quiser.
Frases dos presidentes das operadoras sintetizam bem o pensamento que norteia o evento:
Eduardo Navarro, Vivo: “Estamos com um pé no século 21 e outro no século 19”.
José Felix, Claro Brasil: “Os custos do setor são altos porque carregamos um passado, uma carta tributária e um legado regulatório”.
Eurico Teles, Oi: “É difícil ficar jogando dinheiro fora com uma legislação ultrapassada. ”
Sami Foguel, TIM: “O país está ficando para trás em conectividade”.
E não bastasse isso, de forma uníssona os mandachuvas das empresas dizem que o setor de telecomunicações não representa um problema para o país.
A pesquisa TIC Domicílios 2016 diz exatamente o oposto – são 55,5 milhões de brasileiros com 10 anos ou mais que nunca usaram a internet, numa clara demonstração da ausência de políticas públicas e de que o mercado, sozinho, é incapaz de realizar a universalização das telecomunicações.
Vários levantamentos já comprovaram que um aumento de 10% na densidade de acesso à banda larga implica um acréscimo de 1,38% na taxa de crescimento do PIB per capita. São mais postos de trabalho, mais qualidade de vida.
As operadoras, que apoiaram o impeachment da presidenta Dilma, agora estão em consonância com a política ultraliberal defendida por Paulo Guedes, braço direito econômico do candidato Bolsonaro. Sonham com aprovação do PLC 79/16, que lhes dará a tão sonhada liberdade para fazerem o que bem entenderem.
No domingo, 28 de outubro, teremos a chance de apoiar o programa Brasil 100% Online, com fortes investimentos “para garantir a universalização da banda larga barata e acessível para todos e todas”, defendido pelo candidato Haddad, ou entrarmos num precipício que arruinará a economia, a saúde, a educação e as telecomunicações em nosso país.
Instituto Telecom, Terça-feira, 23 de outubro de 2018