A Oi na era das incertezas

nov 28, 2017 by

A cada semana a situação da Oi, empresa estratégica no cenário das telecomunicações do Brasil, vem sendo agravada tanto no campo das políticas públicas quanto, lamentavelmente, no campo policial.

Parece que uma guerra de facções tomou conta da empresa. Segundo o jornalista Lauro Jardim, por duas vezes houve fatos passíveis de constarem das páginas policiais:

a) Meses atrás Nelson Tanure, testa de ferro do grupo Societé Mondiale, em plena reunião de acionistas chamou para a briga Rafael Moura, representante dos portugueses da Pharol. Este, logo depois, teria recebido R$ 13,2 milhões do próprio oponente para que renunciasse ao cargo na empresa.

b) Na sexta-feira, 24 de novembro, o presidente da Oi, Marco Schoreder, renunciou afirmando que estava recebendo ameaças de morte pelo telefone. Segundo Jardim, uma das ameaças foi gravada. Detalhe: desde 2014 é o terceiro presidente da Oi a renunciar.

No campo da política pública, se é que pode ser chamada assim, a solução do governo golpista Temer – a aprovação do PLC 79/16, entregando cerca de R$ 80 bilhões aos acionistas da Oi em bens públicos reversíveis – só deverá ser votado no ano que vem.

Enquanto a guerra encarniçada entre credores e acionistas ocorre e verdadeiros atos de pugilato são divulgados, os trabalhadores da Oi e a sociedade assistem atônitos à destruição de um patrimônio que, em última instância, é público.

A empresa possui cerca de 140 mil trabalhadores, dos quais apenas 15 mil são efetivos. Os outros todos são terceirizados. Uma proporção absurda. Em 2016 os trabalhadores da Oi agregaram à empresa, em valor adicionado, cerca de R$ 15 bilhões. Há uma grande preocupação com o futuro da empresa, com os postos de trabalho e o fundo de pensão, hoje com um patrimônio de cerca de R$ 12 bilhões.

A sociedade, mesmo sem ter plena consciência da importância da Oi, poderá sofrer consequências pelo desatino dos atuais e futuros acionistas. Nenhuma proposta séria foi apresentada até agora para retirar a empresa do buraco de mais de R$ 65 bilhões. As apresentadas só favorecem os atuais acionistas ou transferem grande parte das ações da empresa para as aves de rapina, também chamados de credores.

A solução do problema da Oi passa por uma proposta que dê prioridade aos interesses dos usuários dos serviços de telecomunicações e dos seus mais de 100 mil trabalhadores diretos e indiretos. Democratizar a gestão da Oi e reforçar as obrigações de metas de universalização da banda larga são caminhos para garantir a sobrevivência da companhia e terminar com essa era de incertezas.

Instituto Telecom, Terça-feira, 28 de novembro de 2017

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