TWW investe R$ 5,5 milhões em plataforma multicanal para não depender mais do SMS

jun 13, 2017 by

A TWW está passando por um processo de transformação para não depender mais do mercado de SMS corporativo. Seu futuro se chama Callix, uma subsidiária que oferece atualmente o serviço de PABX virtual e já conta com 60 clientes. A Callix está construindo uma plataforma multicanal para vender serviços através de SMS, Facebook Messenger, SMS, email, telefone e quaisquer outros meios que permitam a comunicação entre empresas e seus clientes. O projeto inclui a aquisição de autorizações de SCM e STFC, para poder comercializar telefonia IP, ou seja, a Callix será também uma operadora de telefonia fixa. Além disso, o portfólio de produtos incluirá chatbots, por meio da Calamar, start-up de São Carlos/SP especializada em inteligência artificial e processamento de linguagem natural da qual a TWW adquiriu uma participação acionária de 16%. A plataforma multicanal deve estar pronta para escalar a partir de agosto. A TWW investiu R$ 3,5 milhões neste projeto ao longo dos últimos dois anos e prevê gastar mais R$ 2 milhões nele em breve, totalizando R$ 5,5 milhões.

 

“A ideia é que todo o nosso centro de desenvolvimento esteja na Callix”, explica Anthony Pain, CEO da companhia. O serviço de SMS corporativo A2P (application to peer) da TWW será integrado à Callix, como parte do seu portfólio.

O que será do SMS?

A movimentação se dá por conta de uma preocupação com o futuro do SMS corporativo prestado por integradores homologados, como a TWW. Para entender, não basta olhar o volume do tráfego de mensagens da empresa. Este, na verdade, está crescendo. A TWW registrou 1,5 bilhão de mensagens de texto em 2016 e deve chegar a 2 bilhões este ano. Sua média no momento é de 180 milhões por mês. O problema é que esse crescimento está desacelerando e as margens são muito baixas. Ao mesmo tempo, os integradores homologados enfrentam a concorrência de empresas que usam chipeiras. Enquanto o custo médio por SMS de um integrador homologado é de 4 centavos, nas chipeiras é menos de 1 centavo. O integrador homologado bota um preço bem próximo do seu próprio custo, achatando ao máximo a sua margem de lucro, enquanto as companhias com chipeiras cobram 2 centavos por mensagem, o que dá uma margem superior a 100% e ainda assim continua sendo bem mais barato que o SMS homologado.

“Temo pelo fim do A2P homologado no Brasil. O tráfego homologado cresce, mas as margens desaparecem. Hoje o mercado de chipeiras é maior e cresce mais rápido por um motivo simples: preço”, reclama Pain. “Atuamos com SMS desde 2003. Em 14 anos de operação, nunca aumentamos o preço do SMS. Só diminuímos. E a margem caiu junto”, queixa-se o executivo. Na sua visão, a única salvação para o SMS A2P homologado seria as operadoras reduzirem o preço para os parceiros. “Não adianta crescermos com margem zero. Mais cedo ou mais tarde as pessoas vão migrar para onde é mais barato. As operadoras teriam que reduzir o preço significativamente para acabar com as chipeiras”, avalia. Segundo o executivo, volta e meia clientes de grande porte trocam o serviço homologado por soluções mais baratas com chipeiras.

Análise

São chamados de integradores homologados aqueles que possuem conexão direta de suas plataformas àquelas de SMS das operadoras móveis. Teoricamente, pelas regras contratuais das teles, os integradores homologados seriam os únicos autorizados a revender serviços de SMS para o mercado corporativo. Cada operadora define um preço por mensagem para o serviço A2P, que diminui de acordo com o volume contratado pela integradora. O problema é que há planos das operadoras que oferecem SMS ilimitado. Algumas empresas compram chips desses planos, inserem em chipeiras (máquinas que podem receber vários SIMcards simultaneamente e realizar disparos simultâneos de mensagens) e vendem o serviço de SMS corporativo. E assim conseguem um preço por SMS tão baixo. As teles procuram bloquear a operação das chipeiras, porque ferem os termos dos contratos, mas é difícil combatê-las.

O mercado de SMS corporativo pode ser virado de cabeça para baixo se houver adesão das teles ao projeto do RCS do Google, que fornece uma plataforma mundial para o SMS e que funciona de forma integrada a um aplicativo Android, oferecendo ao consumidor uma experiência similar àquela de mensageiros OTT. Ainda não está claro como seria a homologação de integradores, ou quanto custariam as mensagens nesse novo cenário, mas a iniciativa representa uma boa oportunidade para se repensar todo o modelo de negócios de mensagens A2P. A dificuldade é gerenciar os diferentes interesses de todas as operadoras, dos integradores e do próprio Google.

 

Fernando Paiva, Mobile Time, 12 de junho de 2017

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