Sem os dados das teles, IBGE começa a fazer pesquisa sobre Covid-19

maio 4, 2020 by

O IBGE avisou ter iniciado nesta segunda, 4/5, a coleta por telefone da PNAD Covid, uma versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, em parceria com o Ministério da Saúde, para obter informações sobre os impactos da pandemia. E apesar de ter insistido para obter nomes, endereços e telefone de todos os brasileiros assinantes de telefonia fixa e móvel, a pesquisa será feita mesmo sem esses dados.

Como explica o instituto, “para definir a amostra da nova pesquisa, o IBGE utilizou a base de 211 mil domicílios que participaram da PNAD Contínua no primeiro trimestre de 2019 e selecionou aqueles com número de telefone cadastrado”. Com isso, cerca de dois mil agentes começaram a telefonar para 193,6 mil domicílios distribuídos em 3.364 municípios de todo o país.

Prevista na Medida Provisória 954/20, a entrega de nomes, endereços e telefones de todos os clientes das operadoras de telefonia foi barrada no Supremo Tribunal Federal, onde várias ações questionaram a abrangência da medida – visto na combinação de clientes dos serviços fixo e móvel tratar-se de cadastro com cerca de 250 milhões de assinantes, com natural duplicação.

Ao defender a medida junto ao STF, o IBGE alegou que tais informações seriam essenciais para a realização remota da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, sem a qual nem o governo federal, nem os governos estaduais seriam capazes de planejar e executar políticas públicas relacionadas à Covid-19.

As entrevistas duram aproximadamente 10 minutos e os moradores que receberem o telefonema podem confirmar a identidade dos agentes de coleta por meio do site Respondendo ao IBGE ou do telefone 0800 721 8181, e informar matrícula, RG ou CPF do entrevistador.

Os primeiros resultados têm divulgação prevista ainda em maio. “Nosso cronograma de coleta vai depender da extensão da pandemia, mas planejamos divulgar os resultados semanalmente, às sextas-feiras”, explica a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Maria Lucia Vieira. Ela ressalta que os dados para Brasil e grandes regiões serão disponibilizados semanalmente, enquanto as informações por estado serão mensais.

A pesquisa vai revelar a quantidade de pessoas que tiveram os sintomas de Covid-19, como febre, tosse, dificuldade de respirar, falta de paladar e olfato, fadiga, náusea e coriza. “Identificaremos a parcela da população que procurou atendimento e em quais tipos de estabelecimentos de saúde, dentre outras informações. Para os que não buscaram atendimento, vamos descobrir como trataram os sintomas”, explica Maria Lucia Vieira.

Nos casos de internação, será possível saber também se o paciente foi sedado, entubado ou colocado em respiração artificial com ventilador. Já nas situações em que não houve deslocamento até uma unidade de saúde, será perguntado se os moradores receberam, por exemplo, a visita de um profissional de saúde na residência ou se tomaram algum remédio com ou sem orientação médica.

A PNAD Covid também vai acompanhar as mudanças no mercado de trabalho neste período de pandemia, abordando questões sobre a prática de home office, os motivos que impediram a busca por emprego e os rendimentos obtidos pelas famílias.

O IBGE está utilizando sua experiência em coleta por telefone de pesquisas econômicas, mas, para definir o melhor formato para a PNAD Covid, o corpo técnico recebeu também apoio de especialistas em amostragem e em pesquisas telefônicas de outras instituições.

Luís Osvaldo Grossmann, Convergência Digital, 04 de maio de 2020

 

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