Google: o segredo do abismo

jun 12, 2018 by

Uma notícia importante da semana passada pode ter passado despercebida por muita gente. O Google afirma que até o final do ano ativará dois cabos submarinos, Tannat e Júnior. O primeiro liga Brasil ao Uruguai. O segundo, Rio a São Paulo. Detalhe: os dois se interligam ao Cabo Monet, que vai até os Estados Unidos.

 

De acordo com o presidente do Google Brasil, esses cabos vão ajudar a suprir a nossa demanda “ao ampliar a infra-estrutura digital da região, tornando a transmissão de dados mais eficiente, veloz e segura.”

O diretor do Cube de Engenharia e do Conselho do Instituto Telecom, Márcio Patusco, tem outra visão. “Contrariamente à época estatal – diz ele -, não há nenhum planejamento integrado de redes. São soluções vindas de fora pra dentro, sem nenhum compromisso social num país em que as telecomunicações têm desempenho inadequado. É apenas o mercado se movimentando para maiores faturamentos e ganhos. Um país inerte ao movimento mundial de inclusão digital”.

No mesmo sentido, perguntamos: quais são os interesses reais do Google? Por que não há nenhum compromisso público de levar banda larga para quem está excluído digitalmente? São perguntas até ingênuas, é verdade. E, ainda assim, questionamos: por que o atual governo golpista Temer “ignora” esse evento?

No final das contas, o mercado continua, isoladamente, decidindo o futuro das nossas telecomunicações. As concessionárias fazendo de tudo para aprovar o PLC 79/16 e o Google tomando posições estratégicas para abocanhar o nosso importante e rico mercado de telecomunicações.

Somos frontalmente contra dar ao mercado todo o poder para decidir o nosso futuro. A banda larga pode ser um grande instrumento para reduzir as desigualdades regionais e sociais no Brasil. Ou para criar um abismo ainda maior. Hoje cerca de 50% dos domicílios brasileiros não têm acesso à banda larga. Temos que, urgentemente, debater a colocação da banda larga em regime público. Só assim teremos metas obrigatórias de universalização, qualidade e tarifas adequadas/módicas.

Instituto Telecom, Terça-feira, 12 de junho de 2018

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